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Greg Laurie |
Greg prestou um sincero tributo a Wilson, observando que ele era “positivo, vibrante e sempre servindo e ajudando os outros.”
Greg levantou alguns pontos positivos, inclusive “Um momento sombrio na vida de um cristão não consegue desfazer o que Cristo fez por nós na cruz.” Esse é um ponto excelente. Mas isso também se aplicaria se Wilson tivesse cometido qualquer outro pecado, inclusive assassinato de sua esposa ou abuso sexual contra uma criança? Ele seria salvo?
Não tenho resposta, mas Greg parece ter todas as respostas no caso de suicídio: pastores que se matam sobem diretamente para o céu.
Um ponto não tão agradável é o seguinte: Não é covardia um homem abandonar, por suicídio ou não, duas inocentes crianças pequenas? Jarrid Wilson, que tinha 30 anos, tinha dois filhos pequenos. Não dava para ele pensar em suas responsabilidades como pai?
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Jarrid Wilson, esposa e filhos |
Outro ponto não muito agradável é que em seu tributo a Jarrid Greg confessou: “Ele também lidou com uma depressão muito profunda. Na verdade, era um problema desde a infância e ele estava sob os cuidados de um médico.”
Se Greg sabia que Jarrid tinha “depressão muito profunda,” por que ele o colocou em sua equipe pastoral? Jarrid liderava o ministério de jovens adultos na Comunidade Cristã Harvest. Eu me pergunto o que esses jovens adultos estão pensando agora.
Jarrid não era o culpado por ter responsabilidades pastorais em tal mega-igreja. Quem o ordenou, conhecendo seu histórico claro de “depressão muito profunda” e pensamentos suicidas, é responsável perante Deus.
Curiosamente, a pregação de Greg em tributo a Jarrid foi intitulada “A esperança recebe a última palavra!” Mas essa é uma contradição. Pessoas que se matam perderam toda a esperança, inclusive em Deus.
Não podemos ser juízes para dizer que todas as pessoas que cometem suicídio vão para o inferno ou que vão automaticamente para o céu se forem pastoras, como fortemente sugerido por Greg.
A pregação de Greg, em meio a um abundante tributo encorajador a Jarrid, encontrou um lugar para dizer: “O suicídio é a escolha errada.” Ele acrescentou: “Se você está tendo pensamentos suicidas, você precisa de ajuda profissional.”
Mas Jarrid não procurou ajuda profissional — psicólogos e psiquiatras — durante toda a sua vida? Desde a infância, ele teve tal ajuda profissional. Isso o ajudou?
Mesmo assim, ele fundou Anthem of Hope (Hino de Esperança), uma organização que oferece ajuda profissional a pessoas com problemas de saúde mental — depressão e pensamentos suicidas.
Assim, mesmo depois de seguir as instruções exatas que Greg deu — buscar ajuda profissional por décadas —, Jarrid ignorou todo o seu testemunho “positivo, vibrante, sempre servindo e ajudando os outros,” principalmente ignorando a total fragilidade e estado indefeso de seus filhos pequenos, e, contra toda esperança, escolheu o suicídio. Isso é altruísmo? “Procurar ajuda profissional” funciona? Não funcionou nem um pouco para Jarrid.
O tributo de Greg a Jarrid justificou sua condição e suicídio, apontando que várias figuras bíblicas importantes sofriam de problemas debilitantes de depressão e saúde mental. “Jó desejou nunca ter nascido. Jeremias, pelo menos em uma ocasião, queria morrer. Jonas também queria morrer,” disse Greg.
Mas nenhum deles cometeu suicídio. Na Palavra de Deus todos os casos de suicídio envolviam pessoas em rebelião contra Deus. Judas é só um dos exemplos.
Greg também usou o profeta Elias como um exemplo de depressão profunda. “Elias era um grande profeta de Deus, mas ele enfrentou uma depressão grave e chegou ao ponto em que queria morrer,” disse ele.
Mas Elias queria se matar? O caso dele envolvia pensamentos suicidas?
“Com certeza Elias, se passasse por um médico e ou psicólogo, sairia com um encaminhamento para internamento, e seria considerado como um paciente grave com risco de cometer suicídio,” disse Marisa Lobo, que se identifica como psicóloga cristã.
Concordo sobre psicólogos vendo necessidade para internar Elias num hospital psiquiátrico. Bastaria que Elias dissesse aos psicólogos e psiquiatras que ele ouviu a voz de Deus e viu anjos e pronto: Eles o colocariam numa camisa-de-força e injetariam suas drogas psiquiátricas nele.
Marisa usa Elias em suas palestras sobre pessoas que querem se matar. Pessoas suicidas ouvem vozes para se matar. Elias realmente ouviu uma voz, mas essa voz não o orientou a se matar. Os psicólogos cristãos iriam defender um internamento psiquiátrico para curar Elias de ouvir a voz de Deus? Eles também acham que tratamento psiquiátrico “cura” pessoas de ouvirem vozes de demônios orientando-as a se matar?
Se Jesus e os apóstolos soubessem que internamento e drogas psiquiátricas “curam” as pessoas de ouvir vozes demoníacas eles jamais expulsariam demônios. Eles viajariam no tempo e perguntariam para os psicólogos cristãos de hoje como se formar em psicologia para lidar com as multidões de pessoas com opressão demoníaca — ops, problemas psiquiátricos.
No entanto, a psicologia moderna não recomendaria um internamento só para Elias. Os psicólogos cristãos poderiam também se tornar vítimas de sua própria profissão: Bastaria que eles dissessem que o homossexualismo é pecado, abominação e perversão, conforme diz a Bíblia, e eles seriam diagnosticados como loucos em necessidade de internamento.
Quem foi que disse que a psicologia é consenso entre os cristãos?
A Enciclopédia Popular de Apologética (publicada pela prestigiosa editora evangélica americana Harvest House Publishers), de Ed Hindson, diz:
Existem mais de 300 modelos de aconselhamento hoje. Nessa mistura de teorias psicológicas, há muitas opiniões seculares de aconselhamento que discordam veementemente umas das outras. Devemos lembrar que Freud, Jung, Skinner e Rogers tinham sérias diferenças filosóficas.
Um fato que não podemos ignorar sobre os esforços para integrar a psicologia e a fé é que a psicologia foi fundada no humanismo secular. Isso pode parecer simplista, mas é verdade. Toda a psicologia, seja ela rotulada de primitiva ou moderna, secular ou religiosa, foi fundada no humanismo secular e embelezada pelas filosofias do homem. O cerne de toda psicologia está enraizado no que o homem pensa e acredita sobre a vida humana sem a eterna Palavra de Deus. A psicologia pode usar alguns princípios bíblicos em suas teorias, mas em grande parte as teorias da psicologia são filosoficamente determinadas pelos padrões humanos.
A psicologia e a teologia nunca foram parceiros que ficam juntos à vontade. Suas pressuposições filosóficas básicas são quase diametralmente opostas entre si. Ambas presumem tratar da condição humana fundamental e sugerir curas para os conflitos internos da pessoa.
Um estudo recente conduzido na Universidade de Liverpool causou surpresa ao concluir que os diagnósticos psiquiátricos são “cientificamente insignificantes” e inúteis como ferramentas para identificar e tratar com precisão o sofrimento mental em nível individual.
De acordo com os autores do estudo, o sistema de diagnóstico tradicional usado hoje pressupõe erroneamente que todo e qualquer sofrimento mental é causado por um distúrbio e depende demais de ideias subjetivas sobre o que é considerado “normal.”
“Talvez seja a hora de pararmos de fingir que rótulos com aparência médica contribuem com alguma coisa para nossa compreensão das complexas causas do sofrimento humano ou de que tipo de ajuda precisamos quando estamos angustiados,” comentou o professor John Read.
O estudo foi publicado na revista científica Psychiatry Research (Pesquisa Psiquiátrica).
Vamos agora entender o contexto da “depressão de Elias,” tão usada por pastores e psicólogos cristãos quando falam de pastores que se matam.
Enquanto nós cristãos pró-vida confrontamos hoje a cultura do aborto (assassinato de bebês) e homossexualidade, nos esquecemos muitas vezes de que na Bíblia homens de Deus também enfrentaram cultura semelhante.
O deus Baal, cujos sacerdotes eram homossexuais e praticavam homossexualidade “sagrada,” exigia sacrifício de bebês recém-nascidos.
O exemplo mais notável de enfrentamento profético ao deus Baal vem do profeta Elias.
Depois de Elias confrontar e vencer 450 profetas de Baal numa disputa, a Bíblia diz:
“Então Elias lhes ordenou: ‘Prendei agora mesmo todos os profetas de Baal! Que nenhum deles escape!’ E o povo os prenderam. Elias fê-los descer para próximo do riacho de Quisom e lá os degolou a todos.” (1 Reis 18:40 KJA)
Degolar é cortar a cabeça. Cortar a cabeça, com as próprias mãos, de 450 homens foi uma tarefa imensamente trabalhosa cansativa. Eu ficaria cansadíssimo de degolar apenas 50 profetas de Baal. Mas Elias fez isso com quase 500.
Depois desse trabalho cansativo, a Bíblia diz:
“Diante disso, Jezabel mandou um mensageiro a Elias com o seguinte recado: ‘Que os deuses me façam sofrer as piores desgraças, se até amanhã a esta hora eu não fizer com a tua vida o que fizeste com os profetas!’” (1 Reis 19:2 KJA)
Jezabel, esposa do rei Acabe, era a rainha. Se ela disse que queria Elias morto, então o país inteiro estaria caçando Elias para ela degolá-lo.
Cansado e desanimado com tal perseguição violenta, Elias fugiu. A Bíblia relata:
“Quanto a ele, fez pelo deserto a caminhada de um dia e foi sentar-se debaixo de um pé de giesta, uma espécie de arbusto, e ali orou pedindo para si a morte, dizendo: ‘Agora basta, ó Yahweh! Retira-me a vida, pois não sou melhor que meus pais!’” (1 Reis 19:4 KJA)
De tanta perseguição, Elias queria que Deus o levasse. Se fosse para se matar, ele nem precisaria pedir nada. Bastava-lhe pegar uma arma e usar. Mas a ideia dele nunca foi se matar.
Elias era um homem que costumava clamar a Deus incessantemente. E Deus sempre ouve homens de oração. Ele sempre age sobrenaturalmente em resposta a homens de oração.
É nesse ponto que, na Bíblia, Deus simplifica tudo trazendo um anjo. Só para começar. Depois, Elias foi parar numa caverna onde ele ouviu a própria voz de Deus. Apesar de que essa resposta tão simples está na Bíblia há séculos e milênios, os seres humanos estão aí para complicar tudo. Como sempre.
Psicólogos cristãos sempre conseguem enfiar o caso de Elias no meio de seu assunto sobre pessoas depressivas que querem se matar.
Eles sempre chamam Elias de “depressivo.” Marisa Lobo comparou a caverna onde Elias estava a um hospital psiquiátrico, onde o paciente recebe comida e medicamentos.
A comparação de Marisa está longe do sentido bíblico, pois Elias não recebeu nenhum medicamento e a caverna estava longe de ser hospital. Aliás, se uma pessoa depressiva de hoje fosse parar numa caverna sem água e luz, ficaria ainda mais depressiva.
Marisa errou ao rotular Elias de depressivo, como se de tempos em tempos ele ficasse em estado de depressão. Absolutamente nada na Bíblia indica que Elias tinha crises regulares de depressão.
Se um episódio isolado de angústia da alma causada por grande perseguição política transforma, no olhar de psicólogos cristãos, Elias em “depressivo,” então todo mundo na Bíblia era depressivo. Nessa definição “clínica,” qual é o cristão que escapa de ser rotulado de “depressivo”?
Na verdade, Elias não era depressivo. Ele sofreu uma grande perseguição, como todos os grandes homens de Deus sofrem, e ficou com angústia da alma naquele momento específico. Rotular Elias como depressivo apenas para enfeitar uma palestra psicológica sobre suicídio ou numa pregação de tributo para um pastor que se matou é manter Elias num estado permanente ou quase permanente de depressão. Esse nunca foi o caso de Elias. A Bíblia simplesmente não dá margem para esse tipo de interpretação.
Quanto a dizer, mesmo em comparação, que a caverna seria um hospital psiquiátrico com medicamentos para pacientes de depressão, a complicação só fica mais complicada.
são muito perigosos; caso contrário, o monitoramento diário não seria necessário: “As famílias e os cuidadores dos pacientes devem ser aconselhados a ficar de olho no aparecimento de tais sintomas diariamente, já que as mudanças podem ser abruptas”… “Todos os pacientes em tratamento com antidepressivos por qualquer indicação devem ser monitorados apropriadamente e observados de perto quanto à piora clínica, tendências suicidas e mudanças incomuns no comportamento, especialmente durante os meses iniciais de um ciclo de terapia medicamentosa, ou em momentos de mudança de dose, aumentos ou diminuições. Os seguintes sintomas, ansiedade, agitação, ataques de pânico, insônia, irritabilidade, hostilidade, agressividade, impulsividade, acatisia (agitação psicomotora), hipomania e mania, foram relatados em pacientes adultos e pediátricos em tratamento com antidepressivos.”
O BMJ acrescentou:
Tal monitoramento diário é, no entanto, uma solução falsa. As pessoas não podem ser monitoradas a cada minuto e muitos cometem suicídio ou homicídio… poucas horas depois que todos pensaram que estavam perfeitamente bem.
O BMJ também diz:
Já não se pode duvidar de que os antidepressivos são perigosos e podem causar suicídio e homicídio em qualquer idade (5-7). É absurdo usar drogas para depressão que aumentam o risco de suicídio e homicídio…
Em reportagem recente no jornal britânico Daily Mail sobre drogas antidepressivas, o Dr. Michael Hengartner, da Universidade de Zurique, na Suíça, disse: “Podemos declarar com certeza que essas drogas estão produzindo uma taxa excessiva de suicídios, além da própria depressão.”
Se em vez de receber a visita do anjo e ouvir a voz de Deus, Elias tivesse recebido algumas pílulas contra depressão, ele poderia realmente ter se matado ou ter matado alguém, ainda mais estando numa caverna melancólica!
A caverna só não aumentou a angústia da alma de Elias porque ele já estava recebendo visitações de Deus, com anjos e a voz sobrenatural do alto.
Contudo, tente imaginar a cena se, como querem psicólogas cristãos, Elias tivesse sido internado num hospital psiquiátrico. Bastaria que ele falasse que viu um anjo e ouviu Deus falando e os psiquiatras recomendariam injeções de suas drogas psiquiátricas — sem mencionar uma camisa de força. Um hospital psiquiátrico deixaria Elias doente de corpo e alma. Seria a pior desgraça da vida dele. Internado em tal lugar é que ele pediria para Deus levá-lo logo.
Sou totalmente a favor de psicólogos cristãos que levam a Bíblia para dentro de seus consultórios e usam a psicologia apenas como enfeite da mensagem bíblica essencial. Mas levar a psicologia e seus truques para dentro das igrejas e usar a Bíblia como enfeite da psicologia gera aberrações como transformar a caverna de Elias em hospital psiquiátrico com antidepressivos que, em vez de ajudar, carregam o risco de levar os pacientes a se matar ou a praticar violências, inclusive assassinatos.
Em conclusão, o que todas essas informações bíblicas e científicas nos mostram?
* Elias não vivia numa condição de crises depressivas frequentes, mas sentiu depressão num momento específico de sua vida por causa da ameaça de morte de uma grande autoridade governamental.
* Pílulas contra depressão, que podem causar suicídio, violência e assassinato, não podem ser colocadas no mesmo nível de importância da visitação de anjos e a voz de Deus.
* A caverna inóspita sem luz e água de Elias não era um hospital psiquiátrico para curar pacientes depressivos, que ficariam ainda mais depressivos em tal ambiente melancólico.
Eu realmente duvido que uma palestra de psicologia dentro da igreja usando a Bíblia apenas como enfeite tenha um efeito positivo. Greg Laurie e Jarrid Wilson tratavam, em suas pregações, a depressão como problema médico de saúde mental. Eles sempre recomendaram encaminhar pessoas deprimidas para psicólogos e psiquiatras. E o que foi que aconteceu? Jarrid se matou, abandonando dois filhos pequenos.
Mesmo sendo solteiro, Elias nunca pensou em suicídio. No entanto, se ele tivesse filhos pequenos, ele não só não pensaria em suicídio, mas ele também nunca pediria para ser levado. Ele nunca deixaria seus filhinhos abandonados.
Elias não era diferente de Jarrid, de mim ou de Greg. A Bíblia diz:
“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz. Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Orou outra vez, e o céu enviou chuva, e a terra produziu os seus frutos.” (Tiago 5:16-18 NVI)
Se Elias venceu a depressão momentânea buscando a Deus, por que é que os cristãos de hoje precisam de abundante assistência psicológica que não funciona?
Se Elias repeliu pensamentos suicidas, por que pastores não conseguem fazer isso hoje?
Por que um pastor, que abandonou seus dois filhos pequenos, deve ser considerado um homem “positivo, vibrante e sempre servindo e ajudando os outros”? Ao se matar, ele não foi positivo, vibrante e não ajudou seus filhos pequenos.
E ao colocar Jarrid com seu histórico de depressão severa e pensamentos suicidas em sua equipe pastoral para liderar o ministério de jovens adultos, Greg Laurie não ajudou Jarrid e mais ninguém.s ninguém.