Católicos e evangélicos reagiram de forma diferente à consagração. Em sua reportagem “Presidência da República assinou hoje consagração do Brasil ao Imaculado Coração de Maria,” o site católico Aleteia disse:
“Segundo organizadores, o ato procuraria reforçar o atendimento do pedido feito por Nossa Senhora de Fátima de que o mundo seja consagrado ao seu Coração Imaculado.”
A Aleteia acrescentou que a cerimônia contou “com a participação do presidente Jair Bolsonaro e do bispo dom Fernando Arêas Rifan, atual ordinário da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney” e foi oficialmente assinada pela Presidência da República, que concordou com a consagração oficial do Brasil à “Nossa Senhora.”
Em contraste, o GospelPrime, o maior site evangélico do Brasil, publicou uma reportagem suavizada intitulada “Bolsonaro participa de consagração do Brasil a Jesus por meio do ‘coração de Maria.’”
Enquanto na versão católica Jesus foi apenas um acessório para a missão maior de exaltar Maria, na versão evangélica do Gospel Prime Maria foi apenas um acessório para exaltar Jesus.
Com tal confusão, quem está certo, o grande site católico Aleteia, que exaltou Maria, ou o GospelPrime, o grande site evangélico, que exaltou Jesus? Toda essa confusão poderia ter sido evitada se Jesus tivesse sido exclusivamente exaltado, sem nenhum acessório.
Considerando que o evento foi exclusivamente católico, seria muita pretensão nós evangélicos o interpretarmos diferente da Aleteia, que é católico e sabe interpretar suas cerimônias e consagrações católicas. Portanto, a tentativa do GospelPrime de suavizar o evento católico, como se a intenção máxima fosse exaltar Jesus Cristo, não faz o mínimo sentido, nem mesmo como propaganda política.
Apoiadores de Bolsonaro comentaram que, como presidente, Bolsonaro teria uma suposta obrigação de participar de todas as cerimônias religiosas sem discriminação. Assim, nessa visão, Bolsonaro deveria, para agradar aos católicos, consagrar o Brasil para “Nossa Senhora”; para agradar aos evangélicos, consagrar o Brasil para o Senhor Jesus Cristo; para agradar aos adeptos das religiões afro-brasileiras, consagrar o Brasil para Iemenjá e os exus; e por aí vai.
Contudo, tais consagrações têm profundas consequências espirituais, para bênção ou maldição. Quando uma nação é oficialmente consagrada pela presidência para determinados deuses, deusas e demônios, nada é levado na brincadeira por esses deuses, deusas e demônios.
Mesmo sendo eleitor de Bolsonaro, não tenho direito nenhum de determinar a fé dele. Tudo o que posso fazer é oferecer minha mera opinião.
A cerimônia na residência de Bolsonaro me faz recordar o governo militar. A crise estava tanta no início da década de 1980 que um dos primeiros atos do presidente João Figueiredo foi consagrar o Brasil para a Aparecida, estabelecendo oficialmente 12 de outubro como Dia da Aparecida, que ele designou oficialmente como padroeira do Brasil. De nada adiantou. A inflação aumentou. A crise econômica cresceu, e o governo militar se desmoronou sob muitas pressões e crises.
Mas por que consagrar o Brasil para Maria, copiando o erro dos militares? Tanto católicos quanto evangélicos sabem que na Bíblia não existe um único relato de Maria salvando uma nação, uma família ou mesmo um só indivíduo. Mas há abundantes relatos de Deus salvando nações, famílias e pessoas. Jesus é Deus!
Por que não consagrar o Brasil para o Senhor Jesus Cristo e proclamar um Dia de Oração e Jejum para Ele?
Os presidentes americanos do passado costumavam proclamar um Dia de Oração e Jejum para Jesus Cristo. É por isso que os Estados Unidos prosperaram tanto.
Se consagrar o Brasil para “Nossa Senhora” fosse a resposta para todos os problemas do Brasil, o dia 12 de outubro instituído pelos militares teria transformado o Brasil numa potência econômica e militar maior do que os Estados Unidos.
Precisamos orar pela salvação de Bolsonaro. Precisamos também, como evangélicos, parar de amenizar a realidade, como se em vez de consagração à “Nossa Senhora,” Bolsonaro tivesse ajudado a consagrar o Brasil para Jesus Cristo. Como ele conhecerá a verdade se a suavizarmos para lhe fazer agrados?
Aliás, dois lemas que fizeram e fazem parte da campanha de Bolsonaro são:
* “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” — palavras do próprio Jesus Cristo no Evangelho de João.
* “Deus acima de todos.”
Jesus Cristo é Deus. Ele está infinitamente acima de mim e de Bolsonaro. E, sim, Ele está também infinitamente acima de Maria, que não tem parte em seu trono, glória e majestade. Embora agraciada com a missão terrena de ser mãe de Jesus, ela sempre foi uma pecadora, como todos nós, em necessidade da redenção e perdão de pecados oferecido por Jesus.
Obviamente, Bolsonaro desconhecesse essa importante realidade.
Portanto:
Ore por Bolsonaro para que, sob pressão de crises, ele não copie os militares do passado que entregaram o Brasil à idolatria e viram como resultado mais crises e problemas.
Ore para que Bolsonaro consagre o Brasil a Jesus Cristo, declarando que o Brasil pertence a Jesus Cristo. Acredito que nenhum católico e evangélico se oporia a essa consagração.
Só por meio da nossa oração e jejum ele conhecerá a verdade que liberta e depois reconhecerá Jesus Cristo como Deus acima de todos.
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