Erupção do Tambora em 1815 diminuiu temperaturas em todo o mundo. Moradores relutam em ficar nas áreas próximas ao vulcão.
Normalmente, os agricultores indonésios ignoram ordens para evacuar os arredores de um vulcão ativo, mas esse não é o caso do monte Tambora, que retumbou de um jeito ameaçador, lembrando a grande erupção de 1815, que afetou todo o planeta.Moradores como Hasanuddin Sanusi ouvem desde pequenos a história de como a montanha que é chamada de casa por eles já causou a maior erupção conhecida, matando 90.000 pessoas na Indonésia e escurecendo os céus no outro lado do planeta.
Sanusi, ao sentir, um fluxo constante de tremores, pegou mulher e filhos pequenos e saiu da localidade, assim como outros moradores, que se recusam a voltar, apesar das garantias de segurança dadas pelas autoridades.
“Um dragão dormindo dentro da cratera, é isso que nós imaginamos. Se nós o irritamos, formos desrespeitosos com a natureza, ele acordará cuspindo chamas, destruindo toda a humanidade”, diz o agricultor.
Monte Tambora solta gases em junho deste ano e ainda provoca temor de erupção nos moradores (Foto: Fikria Hidayat/AP)Monte Tambora solta gases em junho deste ano e ainda provoca nos moradores temor de erupção (Foto: Fikria Hidayat/AP)
A erupção do Tambora em abril de 1815 deixou uma cratera de 11 quilômetros de largura e um quilômetro de profundidade, liberando aproximadamente 400 milhões de toneladas de gases sulfúricos na atmosfera e gerando um “ano sem verão” nos Estados Unidos e na Europa.
As temperaturas em todo o mundo despencaram, destruindo plantações e levando a grandes períodos de fome. Essa erupção foi muito mais poderosa que a do vulcão Krakatoa em 1883, que, porém, é mais conhecida, já que os meios de comunicação estavam mais disseminados na época.
Em um país acostumado a conviver entre vulcões, o Tambora causa receio porque os moradores da região não estão acostumados com os tremores. Exceto por tremores de pequena escala nos anos 1960, a montanha não se manifestou na maior parte dos últimos 200 anos.
“Começou a expelir cinzas e fumaça no ar, algo tão alto quanto 1.400 metros. É algo que nunca vi antes”, diz Gede Suantika, do Centro de Vulcanologia do governo indonésio.
Autoridades deram em abril o alerta do segundo maior nível de atividade na história do monte duas semanas atrás, mas apenas quem estava a três quilômetros da cratera precisaria sair, o que não impediu uma saída em massa da ilha de Sumbawa. Apenas nesta segunda-feira (19), a maioria das pessoas voltou.
A atividade atual, segundo o vulcanologista islandês Haraldur Sigurdsson, pode ser parte do nascimento de um “filho” do Tambora, no processo de formação de um novo vulcão. A explicação, porém, pouco conforta os moradores da região.
G1
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