Começam a chegar ao Brasil serviços em que o espectador aluga filmes direto da internet, na televisão, competindo com a TV por assinatura
SÃO PAULO - Enquanto o mercado assiste à polêmica sobre a entrada das teles no mercado de TV paga, com um projeto de lei para o setor à espera da votação no Senado, o conteúdo começa a chegar aos televisores brasileiros por outros meios. Serviços que permitem baixar vídeos da internet diretamente no televisor ameaçam tornar, daqui a algum tempo, essa discussão obsoleta.
Há alguns anos, as operadoras de telefonia apostavam numa tecnologia chamada IPTV (sigla de televisão por protocolo de internet) para oferecer vídeo por meio de sua infraestrutura. Apesar de usar a tecnologia da internet, essa solução criaria redes controladas, como a da TV paga. O panorama mudou.
A Telefônica começou a vender este mês seu serviço On Video, em que o cliente paga R$ 19,90 por mês por um conversor que é ligado diretamente na banda larga, e pode alugar filmes baixados via internet pela Saraiva, a partir de R$ 3,90, e assistir a conteúdos do Terra. Esse equipamento concorrerá com a Apple TV e o Google TV, que ainda não estão no Brasil, e com os televisores com Broadband TV, que se conectam à internet, vendidos no País por fabricantes como a LG e a Samsung.
"Resolvemos usar IPTV somente na fibra óptica", disse Fabio Bruggioni, diretor executivo de clientes residenciais da Telefônica. "Um serviço como o On Video é muito mais fácil de desenvolver que a IPTV."
A tecnologia que permite aos espectadores assistirem conteúdo da internet direto na TV é chamada de "Over the Top Television". Além da Apple TV e do Google TV, esse sistema está presente em videogames como o Wii, o Xbox 360 e o Playstation 3. Nos Estados Unidos, esses consoles de jogos conseguem dar acesso à Netflix, locadora virtual apontada como um dos motivos da decadência da Blockbuster. A maior rede de videolocadoras do mundo pediu concordata na semana passada.
A Telefônica importou 2 mil caixas do serviço On Video, que são produzidas em Shenzhen, na China. A ideia é testar a reação dos consumidores nos próximos meses. O aparelho, que se conecta ao televisor e à banda larga, com cabo de rede ou conexão sem fio Wi-Fi, é oferecido em comodato para o cliente.
Ele também funciona como media center. Ele busca conteúdo digital - como vídeo, fotos e música - nos PCs da casa, para exibi-lo na televisão. "O media center é a cereja do bolo", afirmou Benedito Fayan, diretor de Inovação da Telefônica.
Complementaridade. Na visão de Bruggioni, o serviço On Video é complementar à TV paga convencional. "Não sei como será em 10 a 15 anos, mas atualmente ele é complementar", disse o executivo.
Ele negou que o lançamento do serviço tenha a ver com a demora na aprovação do chamado PLC 116, projeto de lei que tramita no Senado e propõe abrir o mercado de TV a cabo às operadoras de telefonia local. Atualmente, elas não podem operar o serviço na sua área de concessão. "Estamos otimistas em relação ao projeto", disse o diretor da Telefônica, que espera que ele seja votado no próximo ano.
Quanto à competição com o Google TV e a Apple TV, que ainda não chegaram ao Brasil, Bruggioni afirmou que o modelo da Telefônica tem a vantagem de oferecer o aparelho em comodato. "Mas para nós não tem problema se esses serviços tiverem sucesso, porque o principal objetivo é incentivar o uso da banda larga", disse o executivo. Apesar disso, o On Video funciona com qualquer banda larga, mesmo que não seja da Telefônica.
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