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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Vendo o meu seguro de vida pela metade do resgate. Talvez isso será legal aqui também, daqui algum tempo..

Wall Street quer titularizar a morte.

Segundo um artigo no New York Times , os bancos de investimento preparam-se para lançar novos produtos financeiros exóticos. Vocês gostaram dos Subprime? Então agora vão adorar os lifeprimes!

A ideia destes génios financeiros é comprar life settlements, isto é comprar as apólices de seguros de vida das pessoas idosas e doentes. Elas ficarão bem contentes, em função da sua esperança de vida, de as vender por um punhado de dólares a fim de pagar os seus cuidados de saúde! Por exemplo, as apólices com um valor de um milhão de dólares poderiam ser vendidas por 400 mil dólares.

A seguir, tal como os valorosos subprimes, titularizam-se estas apólices reagrupando-as em pacotes de centenas ou de milhares. Os bancos revenderão então estes títulos a investidores que receberão o usufruto dos seguros de vida quando as pessoas morrerem.

A lógica informa-nos que a margem de lucro aumenta em função da baixa da idade do morto detentor do seguro de vida. Há todo o interesse em garantir que este último não viva muito mais do que o esperado, senão o investidor veria os seus lucros baixarem e perderia o seu investimento.

Para a Wall Street, é o jogo do ganha-ganha pois os bancos encaixariam uma margem sumarenta pela emissão, depois pela venda e finalmente pelo comércio dos títulos.

Há já nove propostas para titularizar apólices de seguros de vida. Elas vêem de investidores privados e de sociedades financeiras, como por exemplo o Crédit Suisse. O mercado de seguros de vida representa mais de US$26 bilhões, não é nada mau!

O Crédit Suisse já comprou uma sociedade especializada na revenda das apólices de seguros de vida e acaba de criar um pólo financeiro encarregado de estruturar o mercado. O banco de investimento nova-iorquino Goldman Sachs , que nunca fica atrás quando se trata de esquecer a moral, acaba de elaborar um índex sobre a esperança de vida das diferentes categorias de pessoas a fim de permitir aos banqueiros que apostem no número certo.

O único risco dos investidores é de as pessoas viverem mais tempo que o previsto. Mas, se a reforma da saúde de Obama for adotada, com o racionamento dos cuidados de saúde e a via da prevista eutanásia, este risco torna-se próximo do zero.

Estes pequenos génios das finanças devem rir quando o secretário americano do Tesouro, Tim Geithner , um ex-Goldman Sachs, levanta a sua voz para afirmar que "está fora de causa que a indústria financeira retorne às práticas anteriores ao crash. Isso não pode acontecer e simplesmente não acontecerá. Haverá uma mudança fundamental. A falha decisiva que levou a esta crise consistia em tolerar um efeito de alavancagem enorme, em termos de risco, através de todos os bancos do mundo e nos organismos financeiro que funcionam como bancos".

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