Marcelo Camargo/Folhapress |
A ideia de destinar a quantia à filantropia, segundo Dias, vem sido amadurecida desde 2007 e só não vingou antes porque ele preferiu esperar a maré eleitoral sossegar.
Em junho de 2010, José Serra escolheu o tucano para ocupar a vaga de vice-presidente em sua chapa. Pouco depois, a decisão caiu, e o deputado Índio da Costa (DEM-RJ) ficou com a vaga.
Nesse período, o senador disse que não quis "alardear" o projeto, pois "não pretendia fazer propaganda".
Caridade também foi o destino declarado dos R$ 18,6 mil líquidos que Dias recebe desde novembro, após finalmente solicitar o benefício.
Apresentou os recibos de dois pagamentos, assinados pela presidente de uma creche de Curitiba, a Assistência Social Santa Bertilla Boscardin.
TENTATIVA
O senador afirmou que, ao chegar ao governo paranaense, tentou eliminar a pensão. "Encaminhei à Assembleia, mas o projeto sequer foi votado. Na época não houve nem repercussão, nem apoio."
Senador desde 1999, com vencimento de R$ 26,7 mil após reajuste aprovado em dezembro, ele exaltou o fato de não ter requerido a aposentadoria por 20 anos.
Pediu cinco anos porque esse é o teto para concessão de retroativos.
Também afirmou que era o único ex-governador do Paraná a abrir mão do benefício. Mudou de ideia nos últimos anos, quando decidiu atender às demandas de entidades filantrópicas.
Lembrou, ainda, que cumpriu seu mandato "até o último minuto".
Questionado sobre uma possível revisão da lei que concede o benefício, defendeu regulamentação. "Acho incrível alguém que tenha 10 dias [como governador] e receba dinheiro."
Mas não defendeu o fim da pensão vitalícia. "Tem político que termina vida política aos 85 anos, pobre, e sem aposentadoria", justificou.
Reportagem da Folha revelou nesta sexta-feira (21) que, apesar de a Constituição Federal de 1988 ter eliminado as pensões para ex-presidentes, os benefícios continuam sendo pagos a ex-governadores de ao menos dez Estados (AM, MA, MG, PA, PB, PR, RO, RS, SE e SC).
Ao invés de doar para caridade, Alvaro Dias poderia devolver o dinheiro ao Estado. Quem sabe esta verba não seria destinada a educação, saúde, etc. Mas acho que estou pedindo demais. Abraços.
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