Quarta-feira, 23 de setembro de 2009
LA PAZ, Bolívia ― Em uma decisão inédita no futebol do continente, os jogadores profissionais da Bolívia anunciaram sua intenção de renunciar à seleção boliviana de futebol "por tempo indeterminado" a fim de pressionar a diretoria esportiva do país, que atualmente possui dupla representação, a reformar completamente o sistema da organização, dos direitos de transmissão televisiva e da tomada de decisões.
Sendo assim, as próximas partidas da "camisa verde" contra Brasil e Peru poderiam ser jogadas pela seleção de juniores. O jornal El Deber lembra que a polêmica teve início depois que a seleção sofreu derrota diante do Paraguai e do Equador, perdendo qualquer esperança de ir para a Copa do Mundo na África do Sul. Na ocasião, começaram a ser feitas reivindicações por uma reforma no futebol do país.
"Sempre ouvi dizer que pedem a substituição de jogadores, mas temos os mesmos dirigentes há 30 anos", o jogador veterano Carlos Borja declarou ao programa de televisão No Mentirás.
Conforme a BBC Mundo, a medida foi divulgada pela organização Futbolistas Agremiados de Bolivia (Fabol), sindicato que agrupa os jogadores da primeira divisão que jogam dentro e fora do país. Em 1993, a Fabol fez greve geral de seis meses, o que permitiu que a seleção treinasse como um clube e conseguisse se classificar para a Copa do Mundo disputada nos Estados Unidos.
Desta vez, aconteceu o contrário. Os jogadores decidiram acabar com a diarquia que, na opinião deles, está "prejudicando" o esporte. Segundo o jornal El Día, na qualidade de afiliada à Federação Internacional de Futebol Associação (FIFA), a Federação Boliviana de Futebol (FBF) controla a seleção e detém os direitos televisivos das eliminatórias para a África do Sul 2010.
Por outro lado, a Liga Profissional de Futebol (LPF) controla a transmissão do campeonato nacional, o calendário dos clubes e a permissão para que os jogadores treinem com a seleção.
Conforme El Deber, os jogadores associados à Fabol anunciaram no dia 16 de setembro que estão "cansados" do dualismo e reivindicaram sua inclusão no Comitê Executivo que criaria uma nova organização para unificar o futebol.
Com a renúncia dos jogadores, foi convocada uma reunião extraordinária em 18 de setembro que culminou na criação da comissão, que tentará solucionar o problema até o dia 15 de dezembro. Até o momento, as reivindicações dos jogadores foram descartadas, o que torna possível que a seleção de juniores jogue em outubro contra o Brasil, já classificado para a Copa do Mundo África do Sul 2010, e o Peru, que tem menos chances de classificação do que a Bolívia e é o lanternina das eliminatórias sul-americanas.
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