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segunda-feira, 16 de março de 2009

'Julgamento do século' começa hoje na Áustria

France Presse

O veredicto de Fritzl deverá ser divulgado no próximo dia 20
Viena - O austríaco Josef Fritzl, de 73 anos, que sequestrou, estuprou e manteve refém durante 24 anos sua própria filha, Elisabeth, que deu à luz sete crianças, frutos do incesto, começa a ser julgado hoje, diante de um júri popular em Sankt-Plten, 60 quilômetros a oeste de Viena.

O drama familiar, que se passou no município de Amstetten, chocou o mundo em abril do ano passado, quando a filha mais velha de Elisabeth - que, aos 19 anos, nunca havia visto a luz do dia - precisou ser hospitalizada.

Apenas o acusado comparecerá ao tribunal durante os cinco dias previstos de audiências, que acontecerão a portas fechadas. A declaração de Elisabeth, hoje com 42 anos, foi filmada em vídeo, e será apresentada apenas aos três magistrados e oito jurados do caso. A imprensa, que já começa a invadir Sankt-Plten para cobrir o julgamento, não terá acesso ao documento.

O veredicto deve ser divulgado no dia 20 de março.

Josef Fritzl é acusado de homicídio, por ter se negado a dar assistência médica a um dos bebês de Elisabeth, que nasceu com problemas em 1996, e acabou morrendo. Um dia depois de sua prisão, no dia 26 de abril de 2008, Fritzl confessou ter incinerado o corpo do recém-nascido em uma caldeira. Por este crime, ele pode ser condenado de dez anos à prisão perpétua.

Além disso, responderá pelas acusações de escravidão, estupro, sequestro, ameaça com agravante e incesto, pelas quais deve se declarar culpado. O código penal austríaco não contempla a acumulação de penas, prevalecendo a mais dura.

A promotoria também pede a internação de Fritzl em um centro psiquiátrico, ainda que todos os exames médicos tenham concluído que o réu era responsável por seus atos.

A investigação vasculhou os 24 anos de vida dupla de todos os envolvidos no caso, principalmente da mãe de Elisabeth, que levava uma vida normal na casa, em cima do cárcere da filha, sem qualquer janela ou ventilação.

Fritzl protegeu a entrada do porão com portas blindadas e fechaduras eletrônicas, e proibia a mulher e os filhos de se aproximarem do local.

Elisabeth desapareceu no dia 29 de agosto de 1984. Semanas depois, Fritzl obrigou-a a escrever uma carta para a mãe, pedindo que parassem de procurá-la e explicando que havia fugido para se juntar a uma seita religiosa.

Três dos bebês nascidos no porão foram 'deixados' na porta dos Fritzl, com mensagens escritas por Elisabeth, pedindo que a família os criasse. Tudo simulado pelo pai sequestrador.

Fritzl ''amava sua filha à sua maneira'', explicou seu advogado, Rudolf Mayer, à agência austríaca APA. Alimentava e vestia a segunda família, ensinou as três crianças que ficaram com a mãe no porão a ler e escrever, comprava para eles presentes de Natal e aniversário. Por outro lado, ameaçava matá-los com gás se tentassem fugir.

Os 200 jornalistas credenciados para cobrir o que muitos consideram o ''julgamento do século'' terão que se virar para encontrar suas fontes. A vigilância sobre os oito membros do júri será total para evitar vazamentos de qualquer tipo de informação à imprensa. As medidas de segurança são tamanhas que 100 agentes vão vigiar o desenrolar do processo.

Elisabeth e uma de suas filhas já foram localizadas e fotografadas há um mês pelo tablóide The Sun, apesar de a família ter mudado de nome e ido viver em outra região do país.

Folha de Londrina


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