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quarta-feira, 3 de junho de 2009
Lula, Presidente do Banco Mundial
Quarta-feira, 3 de junho de 2009 | 6:10
Reinaldo Azevedo
QUEREMOS LULA NO BANCO MUNDIAL! NA VERDADE, EXIGIMOS
Segundo informação divulgada na revista Exame, o presidente dos EUA, Barack Obama, gostaria de ver Lula na presidência do Banco Mundial. Tomara que seja verdade e que ele aceite. Eu realmente espero que o sistema que o PT se organizou para combater evidencie a sua generosidade. Sem contar que sou obrigado a dizer: antes lá do que aqui. Quem sabe Obama faça pelo Brasil o que a diplomacia do país não conseguiu. Celso Amorim, até agora, só nos empurrou para o vexame e para a derrota. O presidente dos Estados Unidos pode, vá lá, nos acenar com esse regalo. Vocês imaginam o que essa possibilidade provocou nos petralhas.
Vieram como abelhas: “E aí, o que você vai dizer agora?” Eu? Já disse, bem lá atrás. Não sei se vai acontecer, mas faria todo o sentido. Obama é o Lula deles — e, por isso mesmo, muito mais instruído. Ambos nasceram especialmente talhados para o marketing. Conseguem, com impressionante habilidade, oferecer mais do mesmo como se liderassem uma revolução. E, claro, não imaginava tanto orgulho desses “esquerdistas” com a eventual ida de seu líder para uma das instituições antes satanizadas pelos “socialistas”.
Se Obama, com a proposta que apresentou, pode ser presidente dos EUA — e está lá —, Lula pode, sim, ser presidente do Banco Mundial. Não saberia descrever a gênese do processo, mas o fato é que a história tem os seus momentos. O “momento”, no mundo, faz desses “caras”, incluindo “o Cara”, os líderes. Ao presidente dos EUA e sua ainda liderança global se poderá perguntar daqui a pouco menos de quatro anos: “Fez um mundo mais seguro e realmente fortaleceu os valores universais da democracia?” Vamos ver que resposta se vai dar. Tenho cá as minhas hipóteses, não muito otimistas. Ao principal dirigente sul-americano — e o presidente do Brasil sempre o será —, pode-se, já agora, indagar: “Ajuda a fazer um continente mais democrático, mais tolerante, com mais justiça?” Comecem a responder olhando para a Venezuela, o Equador e a Bolívia…
Sei lá se essa história procede ou não. Torço para que seja verdade. O meu temor é que seja convidado e não aceite. Porque não poderia, à frente de uma instituição como aquela, usar alguns dos truques de prestidigitação política com que ilude os incautos e áulicos por aqui. Pra começo de conversa, não poderia ficar jogando em diretorias anteriores aquilo que o vulgo jogava na Geni. Mais: não poderá governar como uma soberano e terá de prestar contas de seus atos — não a uma oposição tíbia ou a um Congresso inexistente, mas um board com orientação técnica. Também duvido que a Teoria Geral da Bravata fizesse algum sucesso.
Mais: Lula precisa, digamos assim, do “calor humano” da massa a aplaudir seus supostos ineditismos. Obama demonstra que é amigo do Brasil, sem dúvida, se realmente estiver pensando nessa possibilidade. Mas tenho a impressão de que o ideal, para Lula, seria ser convidado e recusar — “O Homem que Rejeitou o Banco Mundial” —, fazendo de São Bernardo a sua São Borja, de onde poderá voltar para julgar os vivos e os mortos. Se Dilma vencer, ele será seu fiador, sempre mantendo a possibilidade de voltar. Se Serra vencer, será o comandante-em-chefe da tropa petista, dedicada, então, a cercar o governo. E desconfio ainda que ele considere a honraria pequena demais. Obama que se cuide… Sem contar que, a partir de agora, está decidido: Lula já foi convidado. Em sentido quase antropológico, essa gente não deixa de ser admirável.
Palanquismo
Falta ao Banco Mundial um elemento essencial para Lula: palanque. Ele é a perfeita encarnação — mas conseguiu sê-lo numa versão que a maioria da população considera benigna — de todos os defeitos que se atribuem normalmente aos políticos: pouco apreço pela verdade, fixação apenas nos próprios interesses, vaidade exacerbada, ausência de limites e certa impiedade. Mais: é um pragmático, e qualquer valor pode ser negociado para conquistar ou manter o poder.
Já o vimos a comandar, pessoalmente, a politização da doença de Dilma Rousseff, cruzando a linha do bom senso e do bom gosto. Ontem, afetando uma espécie de orgulho, sobrepôs a capacidade do Brasil — sob seu comando, é claro — de encontrar os destroços à devida solidariedade às famílias. Segundo disse, um país que acha petróleo a sete mil metros pode encontrar uma avião a 2 mil… A fala, em si, é uma bobagem, um despropósito, nem merece que se esmiúcem as diferenças entre uma coisa e outra. Mas esse não é mesmo o ponto. Há momentos em que o decoro pede distância do palanque, em que se espera do político justamente a sua face, vamos dizer, não política. Ocorre que esse Lula não existe. Nas vezes em que aparentemente se revelou, estava sob o orientação ou de Duda Mendonça ou de Franklin Martins. Aliás, convenham: Franklin é, assim, um Duda leninista, né?
Banco Mundial? Torço, mas duvido. Jamais me pegarão por excesso de otimismo…
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