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domingo, 20 de dezembro de 2009
Cardeal belga critica beatificação de João Paulo II
O cardeal Godfried Danneels, arcebispo de Malines-Bruxelas, goza há anos das honras da imprensa laica e católico-progressista. No final do pontificado de João Paulo II, ele figurava até nas listas dos papáveis: coisa surreal, vista a desertificação do catolicismo consumada nos 30 anos do seu governo pastoral na Bélgica.
Agora que está prestes a se aposentar, Danneels concedeu alguns de seus pensamentos a uma entrevista à revista 30 Giorni.
A nota é de Sandro Magister, publicada em seu blog Settimo Cielo, 19-12-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A passagem da entrevista que mais impressiona é a que Danneels critica a velocidade em que foi dada à causa de beatificação de João Paulo II:
"Eu penso que se deveria respeitar o procedimento normal. Se o processo, por si mesmo, avança velozmente, tudo bem. Mas a santidade precisa passar por corredores preferenciais. O processo deve tomar todo o tempo que precisar, sem fazer exceções. O Papa é um batizado como todos os outros. Por isso, o procedimento de beatificação deveria ser o mesmo previsto para todos os batizados. Certamente, não gostei do grito 'santo subito!' [santo já] que se ouviu nos funerais, na Praça de São Pedro. Não se faz assim. Há algum tempo, disseram que se tratava de uma iniciativa organizada, e isso é inaceitável. Criar uma beatificação por aclamação, mas não espontânea, é uma coisa inaceitável".
Mas na entrevista há outras coisas. Danneels não faz mistério de ter tido reservas com relação a João Paulo II:
"O Papa com o qual senti mais afinidade pessoalmente foi Paulo VI. Ele me nomeou bispo. Com Paulo VI, me sinto em casa. […] Bento XVI também tem a mesma atitude de não gritar, de dizer as coisas propondo-as com um pouco de confiança. Não é o modelo atlético de João Paulo II, que foi um outro tipo de Papa. Importante, também ele. Mas diferente de Paulo VI".
E Bento XVI também não o entusiasma, não só pela corrida para beatificar o antecessor.
Acerca da liberalização do rito antigo da missa, Danneels diz: "Não estou certo de que seja suficiente para resolver a questão".
E sobre a acolhida dos anglicanos que pedem para entrar na Igreja Católica, ele se mostra também em dúvida: "Será preciso esperar alguns anos para ver se essa atitude foi a melhor solução. Veremos pelos resultados.
Em geral, me parece que nas relações entre o catolicismo e os anglicanos registra-se uma certa desconfiança. A visita de Rowan Williams ao Papa foi importante, mas eu li o discurso de Rowan na Gregoriana, e encontrei ali uma certa nota de desilusão. Certamente, não era um entusiasta".
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