Agência ANSA
COPENHAGUE - O "Acordo de Copenhague", que encerrou a 15ª Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP 15) e que tinha o objetivo de fazer com que o encontro de duas semanas não naufragasse, não foi aceito por Bolívia, Cuba, Venezuela e Nicarágua.
- Não se pode dar apenas uma hora aos povos do mundo para avaliar o documento que deve enfrentar os graves problemas do aquecimento global - argumentou o representante da delegação boliviana, que dirigiu ainda críticas diretas ao presidente da COP 15, o premier dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen.
- Ele disse que foram consultados os líderes representativos do mundo [para chegar a um tratado, ndr.]. Quem consultou? Por que não discutimos esse documento? - questionou.
O acordo proposto por Estados Unidos, China e emergentes como Brasil, Índia e África do Sul -- que não contém prazos ou metas -- visava um mínimo de entendimento em uma reunião que parecia destinada ao fracasso, contudo não foi aceito pelos países participantes, que optaram por "tomar nota" do documento.
Para ser aprovado, um documento deste tipo deve ser ratificado por todas as nações, o que não ocorreu. No rodapé do texto final da COP 15, há um esclarecimento que afirma que Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Sudão rejeitaram o documento.
Segundo explicou o especialista italiano Nicolas Tollin, o acordo "não foi aprovado. Tecnicamente é apenas um texto sobre o qual os países tomaram nota".
De acordo com Tollin, a diferença entre aprovar e tomar nota é o fato do texto não ser vinculante [de caráter obrigatório], "nem política e nem legalmente".
Ao explicar sua decisão, a delegação venezuelana advertiu que esta negociação constitui "um golpe de Estado contra a carta [democrática] das Nações Unidas". "Um acordo não pode ser imposto por um grupo de países", declarou um representante do país governado por Hugo Chávez.
Também a delegação cubana "rejeitou decididamente e totalmente o documento apresentado à votação".
Em suas considerações, os representantes cubanos consideraram "antidemocráticos" os métodos adotados na conferência e acusaram Rasmussen de graves violações.
Ainda segundo o especialista italiano, a próxima conferência, que será realizada em 2010 no México deverá ter mais sucesso, pois o presidente mexicano, Felipe Calderón, é uma pessoa "comprometida com o meio ambiente".
O texto apresentado aos países e que encerrou as discussões em Copenhague, capital dinamarquesa, determina que as discussões continuem no México e que o Protocolo de Kyoto continua válido até sua substituição, entre outros pontos.
Via Jornal do Brasil
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