Diante da ameaça de perder a medalha de ouro conquistada nos 800 metros do Mundial de Atletismo de Berlim, caso não passe em um teste de gênero sexual, a corredora sul-africana Caster Semenya recebeu o apoio de vários segmentos de seu país nesta quinta-feira.
A cerimônia de entrega de prêmios aconteceu nesta quinta-feira, mas Semenya pode ser obrigada a devolver a medalha caso os testes não confirmem que ela é mulher.
A corredora, de 18 anos de idade, atraiu as atenções não só por seu excelente desempenho, mas por sua constituição física, que foi considerada masculina demais pela Federação Internacional de Atletismo.
Semenya, entretanto, disse não se importar com a polêmica, que começou há três semanas.
"Não dou a mínima para isso", afirmou.
Na África do Sul, ela vem sendo chamada de "menina dourada", e várias entidades saíram em sua defesa nesta quinta-feira. Um dos órgãos de futebol do país classificou a investigação de "racista".
'Sexista'
O partido do governo sul-africano, o CNA (Congresso Nacional Africano), afirmou que a decisão é "sexista" e que a atleta deveria ser elogiada por sua determinação.
"Caster não é a única atleta com constituição masculina, e a Federação Internacional de Atletismo deveria saber disso", afirma nota do partido.
A avó da jovem, que a criou em um vilarejo no interior da Província de Limpopo, reagiu com bom-humor às dúvidas sobre o sexo da neta.
"As pessoas podem dizer o que quiserem, mas a verdade é que a minha criança é uma menina. Não estou preocupada com essas coisas", disse Dorcus Semenya.
Esta não é a primeira vez que este tipo de suspeita recai sobre atletas mulheres. Há três anos, a vencedora dos 800 metros nos Jogos Asiáticos, Santhi Soundarajan, perdeu a medalha após ser reprovada no teste de gênero.
Outro exemplo famoso foi o da medalhista olímpica de ouro e prata nos Jogos de 1932 e 1936, a atleta polonesa Stella Walsh. Em um exame póstumo, em 1980, ficou constatado que ela tinha órgãos genitais com características ambíguas.
Mesmo assim, os testes de gênero sexual, baseados em coletas de amostras de saliva, foram abolidos às vésperas dos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, depois de terem sido considerados pouco confiáveis.
Atualmente, em casos especiais, como no de Semenya, são usados testes mais completos e mais caros, que incluem atestados de um ginecologista, um psicólogo e um especialista em gênero.
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