O teólogo brasileiro Leonardo Boff fez duras críticas ao papa Bento XVI, a quem chamou de “pastor medíocre” e “líder desastrado”. As declarações foram proferidas em entrevista à agência de notícias portuguesa Lusa. Boff fez reparos à maneira como Joseph Ratzinger, de quem foi colega de seminário, tem gerido a crise com a comunidade judaica, acarretada pela reabilitação, pelo Vaticano, de um bispo britânico que nega o Holocausto. “Este papa é politicamente desastrado. Ele irritou todas as igrejas saídas da Reforma, ao afirmar que apenas a Católica é detentora da verdade”, lembra o teólogo. “Entrou em conflito com os muçulmanos e agora também desagradou os judeus.” Embora considere o chefe católico um excelente teólogo, Boff diz que ele não sabe dar direção à Igreja que lidera nem injetar ânimo nos fiéis.
Uma das figuras de proa da Teologia da Libertação, corrente católica baseada no marxismo que teve grande repercussão nos anos 1960 e 70, Leonardo Boff é um ex-frei punido pelo Vaticano por ter se recusado a rever suas posições. Submetido a julgamento pela Congregação para a Defesa da Fé (o antigo Tribunal do Santo Ofício), o brasileiro foi interrogado pelo próprio Ratzinger em 1984. Na época, o atual papa era dirigente do órgão eclesiástico e impôs a Boff o chamado “silêncio obsequioso”, última etapa antes do afastamento total de suas funções de ensino e sacerdócio, pelo então papa João Paulo II.
Leonardo Boff coloca em questão a até escolha de Ratzinger como chefe da Igreja. “Até hoje é um mistério, pois ele é uma figura de desunião e polêmica, quando a função de um papa é justamente manter unido o corpo eclesial e animar a fé e a esperança dos cristãos”. Provocativo, o pensador brasileiro chegou a sugerir a renúncia de Bento XVI: “Ele faria bem a todos se aplicasse para si as leis canônicas, segundo as quais um bispo ou cardeal que ultrapassa os 80 anos deve solicitar afastamento voluntário de sua função”. Ratzinger fará 82 anos no dia 16 de abril. Segundo Boff, a hierarquia central da Igreja está “vastamente desmoralizada”, pois, na sua opinião, sustenta teses “sem sentido de humanidade e de misericórdia”. O ex-frei cita como exemplos as posições radicais que o Vaticano tem assumido, sob o governo de Ratzinger, contra os homossexuais, o uso de métodos contraceptivos e o diálogo ecumênico.
Cristianismhoje
Nenhum comentário:
Postar um comentário