Pela segunda vez nesta semana o navio da ONG ambientalista “Sea Shepherd” teve um incidente com um navio baleeiro japonês, em águas internacionais da Antártida.
A embarcação dos ambientalistas, segundo relato de seu capitão, tentava impedir que o baleeiro conseguisse capturar uma de suas presas quando houve o choque.
O incidente provocou “indignação” por parte do governo nipônico, expressa pelo porta-voz da Agência de Pescas japonesa, Shigeki Takaya.
A verdade, no entanto, é que poucas vezes houve um incidente envolvendo tamanha dose de cinismo em águas antárticas (acima do paralelo 60º de latitude sul) que a esboçada pelo representante japonês.
Desde 1986 há uma moratória comercial envolvendo a brutal e injustificável caça à baleia. Mas o Japão tem desobedecido sistematicamente essa diretriz com a justificativa, deslavadamente cínica, de que faz a captura com “objetivos científicos”.
Segundo estimativas de órgãos ambientalistas, pelo menos 900 baleias são abatidas anualmente, a maior parte delas na Antártida, onde os japoneses são caçadores contumazes.
A carne de baleia tem grande aceitação no Japão, mas também alimenta, entre outras atividades, a produção de ração para galinhas.
Animais magníficos, entre outras razões pela complexidade de suas interações sociais, as baleias têm uma longa história de infortúnio e perseguições motivadas pelo pior da ambição humana.
Isso já fez com que mesmo o mais fascinante desses animais, a baleia azul, que chega a 140 toneladas e é o maior animal vivo da Terra, seja hoje uma raridade nos oceanos.
Na Antártida, carcaças ósseas inteiras testemunham silenciosamente a época em que essa atividade foi intensa, antes de sofrer crescente repúdio por parte de entidades e governos sensíveis à beleza dessas criaturas que um dia trocaram a terra pelo mar.
Refugiando-se nas “águas azuis”, como os oceanógrafos se referem às águas profundas, as baleias anteciparam um sentimento de êxodo da terra firme que o capitão Nemo, personagem de Jules Verne, expressou de forma enigmática em Vinte Mil Léguas Submarinas.
Se esse afastamento lhes assegurou liberdade ao longo de milênios, não foi o bastante para garantir o para sempre.
Baleias foram caçadas impiedosamente, inclusive no Brasil, durante o período colonial, especialmente devido ao óleo que produzem, utilizado em atividades que iam da iluminação pública à lubrificação das máquinas da Revolução Industrial.
Um remanescente dessa atividade repugnante foi mantida, no Rio Grande do Norte, até as vésperas da moratória internacional, por uma empresa chamada Copesbra, controlada por japoneses com “laranjas” nacionais.
Especialmente num momento em que as questões ambientais de origem antrópica ─ entre elas a mudança climática por aquecimento global ─ são evidentes, a atitude do governo japonês de manutenção da caça à baleia, merece o mais profundo repúdio por parte daqueles que têm sensibilidade pela vida.
A vida, como demonstrou Charles Darwin que este ano é homenageado duplamente ─ pelo 200º aniversário de seu nascimento e 150º do lançamento de A Origem das Espécies ─ é uma teia complexa.
Rompida em determinados pontos, corre o risco de sofrer um colapso completo.
Essa é a dimensão do cinismo baleeiro do Japão.
Fonte
Esses japonesessão muito ignorantes. Ta na hora de um boicote mundial aos produtos dos japas.
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