Prisões fecham por falta de criminosos
Os responsáveis pela área da Justiça nos Países Baixos, acabam de anunciar o encerramento de oito cadeias, por falta de deliquentes. Os guardas prisionais não estão contentes com esta decisão.
Os Países Baixos têm falta de delinquentes e, por isso, vai ser necessário fechar oito prisões. A Câmara dos Deputados organiza a partir de hoje um debate sobre a questão: como diabo se chegou aqui e a quem pedir responsabilidades?
Para resolver o problema, vamos importar delinquentes belgas, com vista a mantermos o nosso sistema penitenciário. Já estou a ver o nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, Maxime Verhagen, a implorar aos colegas estrangeiros para expedirem os seus excedentes de bandidagem para o nosso país, a fim de manter os postos de trabalho no nosso regime penitenciário.
O debate foi pedido pelo VVD (liberais de direita) e o PVV (extrema-direita). O SP (Partido Socialista) também participa: querem garantias de emprego para o pessoal penitenciário. Verdadeiros socialistas, não percebem nada das leis do mercado. Está bem, vou explicar-lhes uma última vez: a baixa da oferta de bandidos provoca a baixa da procura de carcereiros.
O projeto da secretária de Estado da Justiça, Nebahat Albayrak, foi especialmente mal acolhido pelo VVD e pelo PVV, o que é lógico. A mensagem é demasiado positiva e corta-lhes os pezinhos cerce.
Há anos que os partidos de direita fazem crer aos seus eleitores holandeses que a criminalidade excede todos os limites, que a partir das 18 horas é um risco sair à rua, que os seus bairros se transformam em altenticos guetos. Dizem-lhes que é necessário um pulso de ferro, fechar esses indivíduos em prisão perpétua depois de lhes dar um tiro nos joelhos. Dizem que o corpo de polícia é constituído principalmente por polícias agorafóbicos e que os juízes são medíocres e demasiado tolerantes:
É necessário ter exterminado a família toda antes de receber finalmente um lugarzinho num desses hotéis de grande luxo, super-equipados, a que chamamos, por aqui, “prisões”. Por um mês, no máximo. É por isso que as celas estão vazias, dizem. É um milagre que ainda haja pessoas aferrolhadas, dado o número de penas transformadas em trabalho de interesse público e as que são enviadas para esses espaços especializados no acolhimento de tipos agressivos.
Pois é, senhoras e senhores, vejam onde chegou o nosso país!
Felizmente, existem alguns piratas no mar, que podemos encarcerar por cá, se não teria sido necessário fechar ainda mais prisões. De resto, não é de excluir que esses indivíduos em breve se andem a passear com uma pulseira electrónica numa rua comercial perto de si ou a caminho da Universidade, para estudar à nossa custa Oceanologia ou Literatura Africana.
Oh pobre Holanda!
Em suma, este discurso era fácil de fazer engolir aos eleitores, mas eis que a Albayrak nos vem dizer o contrário: que é necessário fechar prisões, devido à baixa de criminalidade. É um golpe baixo na direita. É como se levassem com um pano encharcado na cara. Não há nada mais mesquinho. É realmente o tipo de má farsa em que Nebahat Albayrak é especialista.
Vi o antigo procurador Fred Teeven (liberal de direita) no noticiário da televisão, no outro dia. Tinha um ar desesperado. É como se a Albayrak, com o seu infausto projecto, lhe tivesse retirado a razão de ser. Não me surpreenderia que Fred assaltasse um banco ou roubasse a carteira a uma velhinha antes do debate de emergência, só para mostrar que a luta contra a criminalidade não vai no bom caminho.
Fred Teeven sabe muito bem que a criminalidade está a baixar desde 1995, que as alternativas às penas de prisão dão frequentemente bons resultados e que os Países Baixos são afinal um país bastante seguro. Mas pronto, o medo constitui a base do negócio dele, do VVD e sobretudo do PVV, e não têm vontade nenhuma que lho tirem.
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