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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Lipoaspiração - Receita assinada por uma, mas carimbada por outra

Rio - Acusada de mutilar a barriga de pelo menos 14 pacientes que se submeteram a cirurgia de lipoaspiração, realizar procedimentos médicos irregularmente, de fechar sua clínica pediátrica na Ilha do Governador sem concluir sessões pós-operatórias já pagas, e estelionato, a médica Sheila Maria da Silva Pinto Gonzalez pode estar envolvida também com crime de falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão.

Foto: Divulgação
Pacientes apresentaram problemas após cirurgias na clínica.

Receituários a que O DIA teve acesso revelam que mulher identificada como Luciana Guimarães prescreveu medicamentos a crianças usando o CRM de Sheila (52.69714-1), como mostra receita emitida em 3 de março de 2008.

Ex-funcionários da unidade, que não querem se identificar, contam que estudantes de Medicina davam plantões no atendimento pediátrico da ProsIlha. Luciana Guimarães seria uma delas. No receituário carimbado por Luciana, o número 6 aparece falhado e poderia ser confundido com 0. No Conselho Regional de Medicina do Rio estão credenciadas quatro médicas com o mesmo nome e nenhuma delas tem CRM semelhante ao da prescrição.

“A doutora Sheila levava colegas da filha, estudantes de Medicina, para atender as crianças enquanto ela recebia as pacientes de estética. Eles atendiam sozinhos e consultavam à base de livro”, revela enfermeira demitida ao se recusar a participar das cirurgias de lipo. “Não me achava capacitada. Na clínica faltavam desfribrilador e monitor cardíaco”, afirma.

Segundo a enfermeira, blocos de receituários em branco carimbados por médicos que já se desligaram da clínica eram usados. “O pai de uma paciente fez escândalo porque voltou dois dias consecutivos e a filha foi atendida por médicos diferentes. Nos atestados, os nomes e CRMs dos dois médicos eram os mesmos. Na verdade, nenhum dos dois era o médico do carimbo”. A mãe de um ex-paciente da pediatra desconfiou da “médica novinha” que atendeu seu filho e comparou a receita assinada por Luciana Guimarães com outras emitidas por Sheila. “O CRM era o mesmo”, conta.

INVESTIGAÇÃO

O titular da Delegacia de Repressão contra Crimes de Saúde Pública, Robson Costa, prometeu investigar as denúncias. “Vamos tentar localizar essa pessoa. Se ela fez atendimento sem ser médica vai responder por exercício ilegal da profissão e falsidade ideológica. Se for confirmado que Sheila sabia que outra pessoa usava seu CRM, ela será autuada como co-autora nos dois crimes”, explicou. O Cremerj vai incluir as novas denúncias à sindicância aberta para apurar as condutas de Sheila Gonzalez, que pode perder o registro profissional. Sexta-feira, o órgão tentou inspecionar a ProsIlha, mas encontrou a clínica fechada.

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