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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Elétricas são aposta defensiva para Bolsa

Pouco endividadas e com fluxo de caixa previsível, empresas são boas pagadoras de dividendos.

Wellington Bahnemann - AE Empresas e Setores

O comportamento das ações das empresas de energia dependerá do desempenho da economia brasileira em 2009. A persistir as projeções pessimistas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, os investidores irão preferir papéis defensivos, como os das elétricas. "As elétricas são boas pagadoras de dividendos, estão pouco endividadas, possuem baixa exposição ao dólar e possuem fluxo de caixa previsível", justifica a analista da Ágora Corretora, Julia Costa.

Soma-se a isso o fato de que, em tempos de alta da inflação, as elétricas se beneficiam por terem as tarifas reajustadas por indexadores, como o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) e Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A correlação entre esses fatores ficou bastante clara em 2008. Enquanto o Ibovespa registra queda de 40% - acompanhando as más notícias da economia, como a redução da produção das mineradoras e siderúrgicas e queda da demanda por commodities -, o Índice de Energia Elétrica (IEE) recuou apenas 11,57% no período. Para o analista do Santander, Márcio Prado, as elétricas continuarão a registrar desempenho acima do Ibovespa, pelo menos, nos primeiros meses de 2009, quando ainda permanecerá algum grau de incerteza entre os agentes sobre a intensidade dos efeitos da crise do mercado financeiro global na economia real.

"Ao menor sinal de recuperação da economia e de melhora nas condições de crédito para as empresas, porém, o mercado voltará a investir nos papéis que foram mais penalizados este ano", acrescenta Julia, da Ágora. É consenso entre os analistas que acompanham o setor elétrico que, se a desaceleração econômica não for tão acentuada, os investidores voltarão a apostar nos papéis que foram castigados em 2008, como Petrobras e a mineradora Vale, que registram perdas em torno de 50%, em razão da queda dos preços do petróleo e das commodities metálicas.

Reação econômica

"O desempenho das elétricas em 2009 está ligado ao comportamento da Bolsa, que por sua vez está atrelada à performance da economia. Se o cenário econômico não for tão negativo, os papéis das elétricas terão desempenho abaixo do Ibovespa", explica o analista da Unibanco Corretora, Marcos Severine. A expectativa de alguns agentes do mercado é de que, a partir do segundo semestre de 2009, a economia mundial retome a trajetória de crescimento. "Para 2009, esperamos que a Europa e os Estados Unidos adotem medidas para recuperar a economia. Isso envolve investimentos em infra-estrutura, aumentando a demanda por produtos que o Brasil produz", avalia o diretor-presidente da Energias do Brasil, António Pita de Abreu.

Apesar do consenso de que as elétricas são uma opção interessante de investimento no cenário atual, os analistas ponderam que nem todas as empresas sairão ilesas aos efeitos da desaceleração econômica. Para o ano de 2009, as preferidas do mercado são as companhias de geração e transmissão, setores que estão menos expostos à queda do consumo de eletricidade provocada pela retração da economia do que as distribuidoras. "A receita anual permitida (RAP) das transmissoras não se altera com a queda da demanda", explica Severine.

As geradoras apresentam um risco um pouco mais elevado que as transmissoras, principalmente aquelas companhias que possuem grande exposição ao mercado livre, segmento de contratação basicamente constituído por grandes consumidores industriais. Com a crise econômica, grandes empresas que estão neste ambiente, como a Vale, siderúrgicas e montadoras, anunciaram a redução da produção, o que representa queda no consumo de energia.

Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que a expansão do mercado livre quase parou este ano. Na comparação entre janeiro a novembro deste ano com o mesmo período de 2007, o crescimento foi de apenas 0,2%, para 96,1 TWh.

As distribuidoras, por sua vez, estão mais expostas aos efeitos que a crise provocará na demanda por energia. "A tendência é de queda das receitas obtidas com a venda de energia para o segmento industrial e com a tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD), cobrada dos grandes consumidores que estão no mercado livre", justifica Julia. Segundo a EPE, o consumo de energia cresceu apenas 0,1% entre novembro de 2008 e o mesmo período de 2007, para 15,148 mil GWh. Dependendo da intensidade da crise, resultando no aumento do desemprego e redução da renda, o consumo de energia de residências e comércio pode cair em 2009.

Papéis preferidos

Para 2009, os papéis preferidos pelos analistas consultados incluem as geradoras Tractebel, Cesp e AES Tietê e as empresas estatais Cemig e Copel, que também possuem forte participação em geração e transmissão. "As empresas de geração estão bem posicionadas para atravessar este momento. Mesmo se houver queda na demanda, as empresas podem liquidar as sobras de energia no preço spot (preço de liquidação das diferenças), que na média do próximo ano deve ficar acima de R$ 100/MWh", afirma Prado.

A ação ON da Tractebel foi recomendada pela Unibanco Corretora, Ágora e Santander. Na média das estimativas, o preço-alvo do papel para dezembro de 2009 é de R$ 28,01, um potencial de valorização de 47,4% sobre a cotação do dia 22 de dezembro. "É uma empresa com baixo endividamento e agressiva estratégia de expansão", avalia Severine. Em 2009, a companhia inicia operação da hidrelétrica São Salvador (243 MW), da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Areia Branca (19,8 MW) e da usina eólica Pedra do Sal (18 MW). Em 2010, entram em funcionamento a hidrelétrica Estreito (1,087 mil MW) e a térmica a biomassa Andrade (33 MW).

O único ponto a ser observado para a companhia é a perspectiva de redução do nível de pagamento de dividendos para fazer frente aos investimentos de expansão e à dívida de curto prazo. Ao final de setembro, o endividamento de curto prazo somava R$ 689 milhões. Para 2009, os investimentos somam R$ 947 milhões. No término do terceiro trimestre, o caixa da empresa era de R$ 832 milhões, valor que, provavelmente, já é menor em função da distribuição de dividendos e o pagamento das aquisições realizadas recentemente. "A empresa tem um forte programa de investimentos, e o crédito hoje está caro. Nesse sentido, é melhor reduzir os dividendos do que captar uma dívida com um custo mais elevado", diz Júlia. Nos últimos tempos, a Tractebel vinha distribuindo 95% do lucro líquido para os acionistas.

Governança corporativa

Já a AES Tietê foi recomendada pela Unibanco Corretora, Ágora Corretora e Fator Corretora. O preço-alvo médio da ação PN para dezembro de 2009 é de R$ 21,91 - potencial de valorização de 46,1% sobre a cotação do último dia 22 de dezembro. "A AES Tietê é uma empresa defensiva, com fluxo de caixa altamente previsível e boa pagadora de dividendos. O fato de a empresa ter toda a sua energia contratada com correção do IGP-M reforça essa característica", dizem os analistas da Fator, Renato Pinto e Vicente Falanga Neto, em relatório.

No caso da Cesp, a Fator estima preço-alvo de R$ 27 para a ação PNB em dezembro de 2009 e o Santander, R$ 19,25 (potencial de valorização de 37,9%). "A definição sobre a renovação das concessões do setor elétrico deve movimentar os papéis da Cesp no próximo ano", projeta Prado, do Santander. Na visão do analista, o cenário mais provável sobre essa questão é que o governo federal opte pela prorrogação dos ativos. "É o cenário mais factível e de fácil execução", afirma. Caso isso ocorra, de fato, a expectativa do mercado recairá sobre uma possível retomada do processo de privatização, que foi frustrado este ano em função das incertezas sobre o prazo das concessões da Cesp que expiram em 2015.

Na Copel, o preço-alvo para a ação PNB em dezembro de 2009 é de R$ 42 para a Unibanco Corretora e de R$ 35 para a Fator Corretora (potencial de valorização de 39,4%). "Esse é um papel bastante descontado em relação aos seus pares e que tem uma posição de caixa fantástica (R$ 1,8 bilhão). As ações também deverão ser beneficiadas a partir do segundo semestre de 2009 com a proximidade das eleições de 2010", avalia Severine. Para o analista, é provável que o atual prefeito de Curitiba (PR), Carlos Alberto Richa (PSDB), dispute a eleição para governador paranaense em 2010. Se for vencedor, a percepção do mercado sobre a governança corporativa da Copel irá melhorar com a saída do atual governador Roberto Requião (PMDB).

Para a Cemig, o preço-alvo para a PN em dezembro de 2009 da Ágora Corretora é de R$ 48 e do Santander, R$ 42. "A estatal tem alta exposição no setor de geração, compensando uma possível perda na distribuição. Além disso, é um papel com bastante liquidez", avalia Júlia, da Ágora. No setor de transmissão, a Unibanco Corretora sugere a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), com preço-alvo de R$ 73 para PN em dezembro de 2009.

Essa reportagem foi originalmente publicada no AE Empresas e Setores, serviço de informações e análises sobre o setor corporativo da Agência Estado.

Quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Estadão

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