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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Espiritualidade cristã e outras espiritualidades

por Ricardo Agreste

É importante não haver confusão entre as variadas ofertas disponíveis no ’mercado’. Uma única é a verdadeira e as demais são falsas, ainda que possuam parte da verdade, não são de fato a verdade.

Vivemos um período histórico no qual assistimos um grande e crescente interesse por tudo quanto é chamado de espiritualidade. Os dois séculos em que o mundo ocidental esteve subjugado pela falácia do positivismo, o qual tentava reduzir homens e mulheres à mera racionalidade, geraram este contra-fluxo em nossa cultura contemporânea. O tema da espiritualidade encontra-se como um dos elementos centrais deste movimento; podemos perceber isso nos inúmeros livros, cursos, vídeos e práticas que se apresentam como possibilidades àqueles que estão nessa busca.

Por um lado, essa redescoberta da espiritualidade pode ser vista como algo bom, especialmente para aqueles que, como servos de

Cristo, estão engajados na tarefa de fazer outros discípulos em todas as culturas. A busca pela espiritualidade tem gerado nos dias de hoje inúmeras oportunidades como aquela vivida por Paulo no areópago da cidade de Atenas. Da mesma forma que o apóstolo fez uso do próprio interesse de homens e mulheres por preencher o vazio interior de suas almas, podemos conduzir outros à pessoa graciosa de Jesus, levando-os à compreensão de que sua obra na cruz nos coloca numa posição de liberdade e intimidade junto ao Pai celeste. No entanto, não podemos desprezar o crescente risco de confundirmos a espiritualidade cristã, como nos é oferecida a partir da pessoa e da obra de Jesus, com os modelos que nos são apresentados neste aquecido mercado da fé secular. Mesmo aqueles modelos considerados como “cristãos” – seja devido à utilização que fazem de terminologias e conceitos do Cristianismo, seja pela associação do seus articuladores com a fé e religiosidade cristã – podem, na verdade, prescindir do fundamento sobre o qual toda espiritualidade cristã deve ser desenvolvida e articulada: a vida e obra de Jesus.

Para nós, é bem mais fácil percebermos estas disfunções quando presentes em propostas vinculadas ao mercado secular da espiritualidade, as quais nos falam deste tema como uma forma de entrarmos em contato com o nosso próprio ser interior e desfrutarmos da paz proveniente da reconciliação com a nossa alma. Outras nos oferecem uma espiritualidade que nos coloca numa posição de harmonia com o cosmos, produzindo em nós saúde física, emocional e espiritual necessária para a vida. Ainda outras nos falam da espiritualidade como um meio de apropriação de toda energia positiva, na medida em que tudo o que não é bom em nós é gradativamente dissipado e diluído.

No entanto, torna-se bem mais difícil distinguir a espiritualidade a partir da pessoa e da obra de Jesus de outros modelos espirituais que são partes inerentes daquilo que consideramos como “evangélico”. Temos muita dificuldade em admitir e declarar que algumas de nossas igrejas, pastores e pensadores podem, sim, estar ensinando, como diria o apóstolo Paulo, um “outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho” (Gálatas 1.6-7).

Precisamos identificar e compreender que o que nos é oferecido por Deus na pessoa e na obra de Cristo é parte central e inegociável na verdadeira espiritualidade – e se distingue frontalmente de toda tentativa de promoção de qualquer outro sistema que prescinda de Deus como Deus e se confunda com auto-construção ou auto-salvação humana. Logo, enquanto as mais variadas espiritualidades têm como propósito o bem estar pessoal e o desenvolvimento do ser de maneira autônoma, o exercício da genuína espiritualidade cristã tem como propósito renovar, dias após dia, nossa confiança e dependência no amor e na graça de Deus.

Segundo Hebreus 10.19, “temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo”. Logo, nossa confiança para adentrarmos na presença do Senhor a fim de desfrutar de sua intimidade não deve estar colocada em ritos, conceitos intelectuais profundos ou práticas diversas, mas no que o Salvador fez por nós na cruz através do derramamento de seu sangue. É claro que determinadas práticas, como a leitura bíblica e a contemplação, nos possibilitam mais qualidade em nosso tempo e relação com Deus, enriquecendo nossa percepção acerca de Deus e do seu amor. No entanto, não são estas coisas que nos asseguram a entrada na presença de Deus, mas o que Jesus Cristo já fez na cruz do Calvário, ao derramar seu sangue pelos pecados, limitações e incapacidades do homem. A nós nos cabe, tão somente, o coração quebrantado e humilde diante da perplexidade que o amor de Deus nos gera.

Toda espécie de espiritualidade que faz com que nos sintamos pessoas superiores e, conseqüentemente, dignas de estarmos na presença do Senhor, acaba por nos colocar ainda mais distantes dele. A única forma de realmente nos aproximarmos de Deus e compartilharmos de seu amor é a confiança plena do que aconteceu na cruz e a compreensão de que isso nos é oferecido inteiramente pela graça. Por isso, entre na presença de Deus e desfruta de sua intimidade tendo a plena confiança de que Deus lhe ama e lhe deseja, não pelo que você tem sido, refletido ou praticado, mas pelo que Jesus fez por você. E, como dizia o apóstolo Paulo, que este amor de Cristo nos constranja, a fim de que toda e qualquer transformação em nossas vidas seja decorrente do poder que emana da cruz e do constrangimento que seu amor produz.

http://www.cristianismohoje.com.br/

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