Lisboa, 28 Out (Lusa) - O escritor Vasco Graça Moura classificou hoje como "negativa" a possibilidade de todos os documentos oficiais de Portugal e do Brasil serem elaborados segundo o Acordo Ortográfico, afirmando esperar que os países africanos de língua portuguesa se oponham.
Fonte governamental portuguesa adiantou segunda-feira à agência Lusa que o Diário da República de Portugal deverá ser escrito segundo o Acordo Ortográfico já a partir de Janeiro de 2009.
"É completamente negativo. Espero que os países africanos de língua portuguesa se oponham a uma situação destas. Pelos vistos restam só eles como defensores da língua portuguesa tal como ela é falada em Portugal", disse à agência Lusa o escritor e poeta Vasco Graça Moura, que tem sido uma das vozes contrárias ao acordo.
O gabinete de imprensa do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, confirmou segunda-feira à Lusa que este assunto será levado à mesa das negociações e que é esperado um entendimento entre os governos de Lisboa e de Brasília no sentido de todos os documentos oficiais dos dois países passarem a ser redigidos segundo o Acordo Ortográfico estabelecido entre os países de língua portuguesa.
"Se isso acontecer significa que o Governo prossegue na sua inconsciência criminosa a impor o acordo e contra a língua portuguesa", considerou ainda Vasco Graça Moura.
No domingo, fonte diplomática brasileira revelou à Lusa que os acordos a assinar hoje pelos primeiro-ministro português, José Sócrates, e pelo Presidente brasileiro, Lula da Silva, durante a IX Cimeira Brasil-Portugal, terão já a nova ortografia da língua portuguesa.
Segundo a embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, chefe do Departamento Europa do Ministério brasileiro das Relações Exteriores (MRE), isso demonstra o interesse dos dois países numa política comum de promoção e difusão da língua portuguesa, estratégia que será facilitada pela entrada em vigor do Acordo Ortográfico na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
No passado dia 28 de Setembro, Lula da Silva assinou o decreto para promulgação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que unifica e simplifica a forma de escrever nos oito países onde é oficial a língua de Camões.
A data escolhida foi simbólica, coincidindo com o aniversário da morte de Machado de Assis, considerado o mais universal dos escritores brasileiros e um clássico do idioma português.
Na altura, foi anunciado que o texto vigorará no Brasil a partir de Janeiro de 2009 e terá implantação gradual, sendo introduzido nos livros escolares em 2010, para Se tornar obrigatório em 2012.
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