Espanha: Jovens e imigrantes a bordo do "Barco do Aborto"
Madrid, 20 Out (Lusa) - O "Barco do Aborto", navio da associação Women on Waves, deixou Valência depois de ter possibilitado durante quatro dias a numerosas imigrantes e jovens interromperem as suas gravidezes, violando a lei espanhola, anunciou hoje a organização holandesa.
A chegada quinta-feira do navio ancorado em águas internacionais a 12 milhas do porto espanhol, desencadeou manifestações hostis dos adversários do aborto, nomeadamente da associação espanhola Provida.
Rebecca Gomberts, fundadora de Women on Waves, organização que defende o direito das mulheres à interrupção voluntária da gravidez, recusou precisar o número de mulheres a bordo que beneficiaram de uma pílula abortiva.
"Não falamos nunca de números porque pensamos que o aborto não é uma questão de números, tem a ver com a necessidade que sente cada mulher", disse, contactada por telefone a partir da Holanda.
"As mulheres que vieram a bordo não tinham meios para pagar clínicas privadas em Espanha. Havia muitas imigrantes e raparigas menores de 18 anos", acrescentou Rebecca Gomberts.
Como o navio tem bandeira holandesa, os abortos lá praticados fazem-se ao abrigo da lei holandesa, mais liberal do que a legislação espanhola na matéria.
Em Espanha, a interrupção voluntária da gravidez está despenalizada desde 1985 mas apenas em caso de violação (aborto num prazo máximo de 12 semanas de gravidez), de malformação do feto (22 semanas) e quando há "perigo para a saúde física ou psíquica da mãe (sem limitação de tempo).
O barco Women on Waves já esteve ao largo da Irlanda em 2001, da Polónia em 2003 e de Portugal em 2004, país que despenalizou o aborto em 2007.
TM.
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