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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O Vergonhoso Evangelho Social

T. A. McMahon

Por várias razões, os cristãos, de vários tipos, têm feito modificações no "evangelho de Cristo", como se este precisasse de ajustes. Nas alterações importantes, a maioria vai dizer que são apenas ínfimas pinceladas, aqui e ali. Essas mudanças sempre começam com alguém declarando que não existe mudança alguma envolvida, mas, simplesmente, um novo arranjo na ênfase. Contudo, não importa quão racional seja isto, o resultado final é que eles se "envergonham do evangelho de Cristo".

Envergonhar-se do evangelho engloba uma porção de aplicações, desde ficar embaraçado com o mesmo, até supor que alguém possa melhorá-lo um pouco, a fim de o tornar mais aceitável. Um exemplo do primeiro caso é a afirmação recente feita por um dos autores de uma Igreja Emergente de que o ensino que diz que Cristo pagou a total penalidade pelos pecados da humanidade, através de Sua morte vicária na cruz, é irrelevante e vista como "uma forma de abuso para com o filho cósmico".

Exemplos mais sutis incluem o de tentar fazer o evangelho parecer menos exclusivista, com o "abrandamento" das conseqüências, das quais ele salva a humanidade, tais como a ira de Deus e o Lago de Fogo.

Prevalecente entre muitos líderes religiosos, que professam ser cristãos evangélicos (ou seja, cristãos crentes na Bíblia), é a promoção de um evangelho aceitável, o qual seja admirado pelas pessoas do mundo inteiro. Hoje em dia, a forma mais popular é conhecida como "Evangelho Social".

Embora o Evangelho Social seja comum entre os muitos novos movimentos evangélicos, ele não é novidade para a Cristandade. Teve o seu princípio moderno nos anos 1800, quando se desenvolveu de modo a atingir as várias condições da sociedade, causadoras de sofrimento ao populacho. A crença era de que o Cristianismo poderia atrair seguidores, quando demonstrasse o seu amor pela humanidade. Isto poderia ser mais bem realizado, quando se aliviassem os sofrimentos da humanidade causados pela pobreza, enfermidades, condições opressoras de trabalho, injustiças sociais, abusos dos direitos civis, etc.

Os que incrementaram esse movimento também acreditavam que o alívio das condições miseráveis poderia melhorar a natureza moral dos que eram carentes de tudo.

Outra força motivadora por trás do Evangelho Social foi a Escatologia, com as visões dos envolvidos nas doutrinas dos tempos finais. Quase todos eles eram amilenistas e pós-milenistas. Os primeiros acreditavam estar vivendo num simbólico período de 1.000 anos, no qual Cristo estava governando, a partir do céu, Satanás estava preso e eles eram os obreiros nomeados por Deus para realizar na Terra um reino digno de Cristo. Os pós-milenistas também acreditavam já estar no milênio e o seu objetivo era restaurar a Terra a um estado semelhante ao do Jardim do Éden, para Cristo voltar do céu e poder implantar aqui o Seu reino terreno.

O Evangelho Social, em todas as suas diversas aplicações, ajudou a produzir algumas realizações (leis contra o trabalho infantil e leis a favor do sufrágio feminino), as quais contribuíram para o bem-estar social. Ele se tornou o principal evangelho dos teólogos da libertação e das principais denominações, durante o século 20. Embora sua popularidade tenha crescido e diminuído, alternadamente, em seu curso, ele foi muitas vezes organizado pela combinação da religião com a política liberal, como, por exemplo, no caso de Martin Luther King Jr. e os direitos civis. A médio prazo, através do século passado, o Evangelho Social influenciou movimentos como a Teologia Liberal do Catolicismo Romano e a ala esquerda dos cristãos evangélicos. Contudo, é no século atual que o Evangelho Social tem conseguido sua maior promoção. Dois homens, ambos professando ser evangélicos, têm liderado esse caminho.

George W. Bush começou a presidência, instituindo o órgão White House Office of Faith-Based & Company Initiatives. Seu objetivo foi prover fundos do governo às igrejas, sinagogas, mesquitas e outros ministérios religiosos, os quais estivessem provendo serviço social às suas comunidades. Bush acreditava que os programas desenvolvidos pelo "povo de fé" poderia ser pelo menos tão efetivo como os das organizações seculares, na ajuda aos necessitados e, talvez mais que isso, por causa do seu compromisso moral de "amar e ajudar o próximo". Quando se prepara para deixar o cargo, ele declarou que considera o seu programa "Faith-Based" como uma das mais relevantes realizações do seu tempo como presidente. O atual candidato à presidência, Barack Obama, declarou que, se ganhar a eleição, vai dar prosseguimento ao programa "Faith-Based".

Rick Warren o mega autor de vendas de "Uma Igreja Com Propósito" e "Uma Vida Com Propósito", elevou o Evangelho Social a um patamar jamais antes alcançado, não apenas a nível mundial, mas a se tornar o pensamento e planejamento dos líderes mundiais. Warren credita ao gênio em gerenciamento de negócios - Peter Drucker - o conceito básico do que ele está executando. Drucker acreditava que os problemas sociais da pobreza, doença, fome e ignorância estavam além da capacidade dos governos e das corporações multinacionais para os resolverem. Para Drucker, a solução mais viável seria encontrada no setor sem fins lucrativos da sociedade, especialmente as igrejas, com as suas hostes de voluntários dedicados ao alívio dos males sociais dos carentes de suas comunidades.

Tendo Warren reconhecido o falecido Drucker como o seu mentor, durante 20 anos, certamente aprendeu suas lições. Seus dois livros "Com Propósito", traduzidos em 57 idiomas, dos quais foram vendidas, conjuntamente, 30 milhões de cópias, revelam o plano do jogo que Drucker havia visualizado. Warren fez com que as igrejas locais programassem a visão dos seus livros, através dos programas comunitários enormemente popularizados como "40 Dias com Propósito". Até o presente, 500 mil igrejas, em 162 nações tornaram-se parte dessa rede global. Elas formam a base do Plano global P.E.A.C.E.

Mas, o que é o Plano P.E.A.C.E? A apresentação deste plano de Warren à igreja é vista no site www.thepeaceplan.com. No vídeo, ele identifica os gigantes que assolam a humanidade, como sendo: vazio espiritual, liderança autocentrada, pobreza, doença e ignorância, os quais ele pretende erradicar pelo "P": plantio de igrejas; "E": equipamento de líderes; "A": assistência aos pobres; "C": cuidado aos enfermos; "E": educação da próxima geração.

Warren usa a ilustração de um tripé, a fim de descrever a melhor maneira de liquidar esses gigantes. Duas dessas pernas são o governo e os negócios, os quais têm sido, até hoje, ineficazes e, exatamente como um tripé de dois pés, não pode se manter de pé. A terceira perna, muito necessária, é a igreja: "Existem milhares de vilas no mundo, sem escolas, sem clínicas, sem comércio e sem governo... Mas sempre têm uma igreja. O que aconteceria se mobilizássemos as igrejas para que liderassem esses cinco gigantes globais?" Warren racionaliza que existem 2,3 bilhões de cristãos no mundo inteiro, os quais poderiam formar, praticamente, o que Bush chamou de "exército da compaixão" do "povo de fé", que o mundo até hoje não experimentou.

Em adição a essa "visão cristã", Warren tem expandido a visão inclusivista do Plano P.E.A.C.E., o qual tem atraído o apoio e o louvor dos líderes políticos e religiosos e das celebridades do mundo inteiro. No 2008 World Economic Forum, Warren declarou: "O futuro do mundo não é o secularismo, mas o pluralismo religioso". Referindo-se aos males que atacam o mundo, ele declarou: "Não podemos resolver esses problemas sem envolver as pessoas de fé e suas instituições religiosas. Ele [o Plano P.E.A.C.E.] não vai prosperar de outro modo. Neste planeta existem cerca de 2,3 bilhões de cristãos. Se colocarmos o povo de fé na equação, teremos governado 5/6 do mundo. E se apenas deixarmos que o povo secular o realize, isso não vai acontecer". (http://youtube.com/watch?v=rGyW4ghOCP).

A fim de acomodar o assunto às pessoas de todas as crenças, Warren substituiu o "P" do seu P.E.A.C.E. (plantar igrejas evangélicas) para o "P" de "promover reconciliação". O "E" de "equipamento de líderes" (de igrejas) para "equipamento de líderes éticos". Em algum lugar, ele reconheceu o seu avanço prático ao pluralismo: "Qualquer homem de paz em qualquer vila... ou quem sabe a mulher de paz... que tenha um espírito superior? ... Não precisam ser cristãos. Podem até ser muçulmanos, mas que estejam abertos e tenham influência, para se trabalhar com eles, a fim de se atacarem os cinco gigantes (aos quais ele adicionou o aquecimento global)".

Ele cita um líder secular como conselheiro da Faith Foundation, que é o Primeiro Ministro, recentemente convertido ao Catolicismo Romano, Tony Blair. Mas... como fica a cruz nesse ajuntamento ecumênico? Ora, não fica. A crítica realização desse objetivo ecumênico é a eliminação das religiões exclusivistas, uma preocupação articulada por um dos painelistas no Economic Forum: "Existem alguns líderes religiosos de diferentes crenças religiosas, os quais buscarão afirmar sua própria fé, sua autenticidade e legitimidade... negam às outras pessoas, suas crenças, sua legitimidade e autenticidade. Não creio que possamos agir assim sem... neutralizar o tipo de ódio que todos nós estaremos experimentando resolver aqui. Acho que a nós cabe amarrar os pés do clero, ao fogo, qualquer que seja a sua fé. Contudo, insistindo em confirmar o que seja belo em nossas tradições, enquanto, ao mesmo tempo, recusando-nos a denegrir outras tradições de fé, sugerindo que elas sejam ilegítimas ou consignadas a algum tipo de fim maligno."

A Bíblia ensina que "todas as religiões do mundo são ilegítimas e consignadas a algum tipo de fim maligno", até o seu exato final. Somente a crença no evangelho bíblico pode salvar a humanidade. Lemos, em Atos 4:12 e João 3:16: "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos"... "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna".

A história do Evangelho Social é, em quase cada caso, uma séria tentativa dos cristãos para fazerem o que eles supõem que honrará a Deus e beneficiará a humanidade. Em cada caso, porém, a realização prática de "beneficiar a humanidade" tem comprometido a fé bíblica e desonrado a Deus. Por que isso? Porque Deus não deu à igreja a comissão de resolver os problemas do mundo. Os que tentam fazê-lo, resvalam na falsa premissa, conforme Provérbios 14:12: "Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte". Além do mais, os problemas do mundo são apenas um sintoma da raiz chamada PECADO.

Qual porcentagem do "povo de fé", que engloba todas as religiões, formando 5/6 da população mundial, entende e aceita o Evangelho como a única possível cura para o mal chamado PECADO? Ou quantos dos 2,3 bilhões de "cristãos", no mundo inteiro, crêem de fato no Evangelho bíblico? Os números decrescem exponencialmente. "Sim, mas... eles formam uma força de maciça contribuição voluntária, além dos nossos recursos, para liquidar os gigantes do mundo sofredor!" Mas, que aproveita se esses 2,3 bilhões de "pessoas de fé" puderem aliviar os sofrimentos do mundo e, contudo, perderem exatamente suas almas?

O Evangelho Social é uma doença mortal para o "povo de fé". Ele reforça a crença de que a salvação pode ser obtida pela prática de boas obras, colocando à parte as diferenças, em prol do bem comum, tratando os outros como gostaríamos de ser tratados, agindo moral, ética e sacrificialmente... E isso fazendo, ao ponto de atrair os humanos para Deus. Não! Esses são esforços auto-enganosos, que rejeitam a salvação de Deus, negando o Seu perfeito modelo e rejeitando Sua perfeita justiça. A salvação acontece segundo Efésios 2:8-9: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie". Jesus se entregou à morte pela esperança de salvar a humanidade, reconciliando-a com Deus. Em João 14:6, lemos Jesus declarando: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim". Não existe outro caminho, porque a perfeita justiça de Deus exigia que a penalidade do pecado fosse paga, pois "Todos pecaram" (Romanos 3:23). Somente o Homem-Deus perfeito e sem mácula poderia pagar totalmente essa penalidade infinita, morrendo sobre a cruz. Somente a fé Nele pode reconciliar o homem com Deus.

O vergonhoso Evangelho Social de hoje não apenas promove "outro evangelho", como ajuda a preparar o reino contrário aos ensinos da Escritura. Pois "...a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Filipenses 3:20). Ele voltará do céu (João 14:3) para arrebatar os que Nele crêem (Sua Noiva) às nuvens e levá-los para o céu (1 Tessalonicenses 4:17). O reino que ficar na Terra será o do Anticristo.

De acordo com o seus princípios amilenistas/pós-milenistas, os esforços do Evangelho Social estão ligados à Terra, em sua tentativa de restaurar aqui o reino de Deus. Eugene Peterson infiltrou essa heresia em sua Bíblia "The Message": "Deus não teve todo esse trabalho de enviar o Seu Filho simplesmente para apontar o seu dedo acusador, dizendo como o mundo era mau. Ele veio ajudar a colocar o mundo novamente em ordem". (Uma perversão de João 3:17).

Rod Bell, em seu livro "Velvet Elvis", reflete a escatologia da reconstrução da Terra, a qual é adotada por quase todos os líderes da Igreja Emergente:

"Salvação é todo o universo sendo trazido à harmonia com o seu Criador. Isso implica imensamente em como as pessoas apresentam a mensagem de Jesus. Sim, Jesus pode voltar para os nossos corações. Mas podemos nos reunir em um movimento que será tão abrangente e tão grande como o próprio universo. Rochas e árvores; pássaros e pântanos e ecossistemas. O desejo de Deus é restaurar tudo isso... O objetivo não é escapar deste mundo, mas transformá-lo no tipo do lugar para onde Deus possa vir. E Deus está nos recriando no modelo de pessoas que possam fazer esse tipo de obra".

Para o líder da Igreja Emergente, Brian McLaren, este é o futuro meio de vida para os cristãos. Numa entrevista ao ChristianPost.com, em 28/07/2008, ele disse: "Acho que o nosso futuro também vai exigir que nos unamos humilde e caridosamente, com as pessoas de outras crenças... muçulmanos, hinduístas, budistas, judeus, secularistas e outros... na busca pela paz, no diaconato ambiental e na justiça para todos os povos, coisas que falam profundamente ao coração de Deus". Não! O que realmente fala ao coração de Deus é que se arrependam e creiam no Evangelho.

Qualquer pessoa que deposita esperança nesse Evangelho Social, o qual emprega "pessoas de fé", "preparando este mundo para ser um lugar para onde Deus possa vir", deve dar atenção às palavras de Jesus, segundo Lucas 18:8-b: "Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" As pessoas de todas as crenças, sim, mas certamente não as pessoas "da fé", pela qual Judas 3 nos exorta a batalhar diligentemente. Que o Senhor nos ajude a todos, a fim de que jamais nos envergonhemos do Seu Evangelho!

TBC Setembro, 2008 - "The Shameful Social Gospel" , by T. A. McMahon

Traduzido por Mary Schultze, em 15/09/2008.

www.cpr.org.br/Mary.htm

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