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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A Carta

PRIMEIRO: uma carta de um pai. SEGUNDO: a resposta de seu filho.

Filho querido,

Eu não quero mais que você estude...
Quero que você pare com as suas aulas do colégio, do inglês, de computação...
Nem pense em fazer uma Universidade...
Tudo isso é bobagem...

Eu não quero que você sofra tanto como eu sofri para tentar chegar em algum lugar na minha sofrida vida...
Não, filho, eu não estou louco...

Apenas quero que você se espelhe no nosso novo presidente da república e seja como ele... Apenas quero que você se filie ao sindicato e faça parte da comissão de fábrica.

Depois, fique amigo dos sindicalistas e se candidate em alguma chapa.
Aí, quando for eleito, é só pedir a conta do trabalho, afinal, você não terá que trabalhar mais ou ter estudado para ser alguém na vida, como o nosso novo Presidente...

Vejamos:
* ele não estudou;
* ele não trabalhou muito, apesar de ser o "Lider" dos trabalhadores;
* ele tem um belo salário do partido, sem trabalhar;
* ele tem filhos estudando no exterior;
* ele não paga aluguel da mansão em que mora;
* ele viaja de avião;
* ele tem carros;
* ele não fala inglês, espanhol ou outra língua (nem o português);
* ele tem aposentadoria;
* ele tem ternos italianos;
* ele tem fazendas;
* ele não tem experiência administrativa;
* ele não tem humildade;
• ele não tem vergonha em dizer que é do "povo", mesmo vivendo como rei.

Assim, meu filho, apenas reforço o meu pedido: siga o exemplo do nosso novo presidente, já que tudo por que passei na vida, não me levou a nada: minhas faculdades, doutorados, mestrados, meus cinco idiomas, meu emprego...
Da próxima vez, corto meu dedo na prensa e viro sindicalista...

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Veja o que seu filho respondeu ao pai.

Pai,

Nem pensar em parar meu inglês, minha computação e minha escola boa.
Eu adoro, me sinto um privilegiado e agradeço a Deus todos os dias por Ter acesso a todas essas coisas em um país onde 70% da população não tem acesso a nada. Só sinto que você não tenha vivido com a mesma alegria que eu todos os estudos que fez na sua vida...

É tão bom poder ampliar nossa visão de mundo de um jeito mais confortável.
E graças a essa formação humanista de alto nível que tivemos podemos discutir o mundo à nossa volta sem simplificá-lo de forma grosseira.
Que bom.

Não posso ser como o nosso futuro presidente - que você, parece, já elegeu e já chama "seu presidente"...
Ele teve que construir sua formação de uma forma bem menos confortável do que a nossa, numa escola da vida bem mais madrasta, lutando para ter espaço não só para si mesmo, mas para todos os seus iguais, ou seja...
Aqueles 70%.

E como teve liderança, e como trabalhou duro, fundando o partido mais ético e coerente do cenário nacional (embora imperfeito e sempre sujeito a revisões), foi escolhido por milhões de brasileiros para representá-los.
Para isso, teve que parar seu trabalho de torneiro mecânico e continuar seu trabalho duro de formação política, cercado das melhores cabeças da intelectualidade nacional, viajando, lendo e se informando, sempre aberto a discutir, sempre forte nos seus ideais de justiça social.

E claro, recebe do partido que o escolheu para esse papel tão importante recursos para viver bem, vestir-se bem e prepara-se.
Não queremos um estadista mal vestido.

A imagem não é tudo, mas também é importante, não sejamos ingênuos.
Mas esse homem, no lugar de se acomodar, como muitos fizeram, continua discutindo, brigando e lutando por seu ideais de justiça social... porque ele não teve a oportunidade de se formar como eu e você tivemos, e então sabe por experiência própria o quanto seu caminho foi difícil.

Então, não posso ser como ele, porque meu começo foi diferente.
Mas posso ser parecido com ele, sim, e ao me profissionalizar, vincular-me ao sindicato da minha área de atuação, e lutar democraticamente por meus direitos e por uma sociedade mais justa.

Posso exercer minha cidadania lutando para que a maioria da população tenha um ensino de qualidade, e acesso a computadores e inglês como eu tenho tido.
Pai, o Lula não continuou os estudos na escola regular porque não pôde.
O Collor, por outro lado, falava 9 línguas, lembra?

O problema que só falava mentiras em todas elas, e foi posto prá fora em uma língua só: o português do povo brasileiro na rua, bravo por ter sido enganado.
Em todos os países do primeiro mundo, as facções políticas se alternam no poder, e sabe o que acontece?

Eles amadurecem politicamente e ficam cada vez melhores.
E nós?
Vamos ficar pá sempre atrelados a esse coronelismo provinciano?
Não vamos crescer?

Temos medo do quê, de ser felizes?
Conserve o seu dedo, meu pai, para apertar os botões certos na urna eletrônica e votar de forma amadurecida.

Seja qual for sua escolha, que ela não seja resultado do preconceito e do pensamento simplista de quem tem medo de ser feliz.

Com carinho,

Seu filho.
Recebi não me lembro de quem nem quando...

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