Esse lançamento de peso vai dar mais opções aos que querem pesquisar a história nacional e mundial nessas últimas décadas. Um trabalho primoroso que vai permitir que mergulhemos no nosso passado como se fôssemos extraterrestres investigando a cultura dos terráqueos. Sim, pois bastará abrir a janela de um jornal para descobrirmos que muitas mazelas continuam as mesmas só que mais tecnológicas. Hoje o traficante pode usar GPS para entregar a droga e o preso pode usar o celular para executar um estelionato.
É uma interface bem equilibrada, onde o Bradesco parece querer mesclar sua imagem à da revista de Victor Civita com o desespero de quem tem um Itaú Unibanco no seu encalço.
Alguns dirão, como falar de isenção editorial com um banco patrocinando essa iniciativa? Outros diriam que é essa publicidade que mantém a imprensa independente do governo (e aí ela poderia exercer o seu quarto poder na plenitude).
Mas não vou ficar aqui falando dessas coisas chatas porque quero destacar é o sistema de recuperação de informações do serviço onde um índice contendo as miniaturas das capas das edições da revista desde 1968 até 2008 pode ser manipulado através de setas onde você pode navegar por mês e ano ou pelas edições do ano em uma linha do tempo bastante agradável de se percorrer.
A Interface é relativamente limpa, com um neutro fundo cinza levemente degradê, onde alguns poucos controles permitem realizar buscas no conteúdo da edição escolhida ou em todo acervo, entrar na revista (com um look-and-feel de estivéssemos folheando a revista ao clicar em botões no canto inferior externo de suas páginas), ver as edições e páginas mais acessadas além de uma tal de busca sugerida, onde alguns temas vêm já pré-selecionados.
Folheando as páginas vemos logo na primeira edição uma das marcas da revista Veja. Denúncias? Reportagens bem trabalhadas? Não. Me refiro à quantidade enorme de anúncios publicitários que foram mantidos na íntegra também nessa versão digital (mas pelo menos aqui têm um caráter mais de registro, por exemplo, relembre-se da época em que a propaganda de cigarro era normal).
Ao clicarmos em uma página é dado um zoom in e uma versão em baixa resolução é apresentada enquanto se carrega a imagem definitiva. Achei uma solução interessante pois mantém a navegação fluida sem sobrecarregar o cache do navegador. Além disso, a versão em baixa resolução quase permite a leitura, o pode adiantar o scanning pela matéria selecionada.
Alguns pontos de melhoria técnica: a busca realmente me decepcionou, não consegui fazer uma busca por frases (por exemplo, quando quis saber quando foi a última vez que o termo risco de vida fora utilizado nas reportagens), nem mesmo colocando as aspas (no estilo Google), ou o símbolo de percentual (a la banco de dados Oracle). Além disso, quando tentei me valer da ordem cronológica dos resultados para determinar quando foi a estréia do termo internet nas páginas de Veja, me deparei com milhares de ocorrências (3525 para ser exato) agrupadas de 7 em 7, o que me traria a penosa tarefa de dar 503 cliques para achar a informação requerida (que a julgar pelo tempo entre um clique e outro, mais de um minuto com um irritante Buscando piscando na minha frente, levaria apenas umas 9 horas para concluir a tarefa. :-P).
Nada de um hyperlink para pular direto para a última ocorrência, e nem cogite uma ferramenta de busca avançada. Pior foi a ajuda. Ilustrado por um ponto de interrogação que parecia perguntar "quem é que usaria isto" que acionado joga mais uma tela que informa que você não terá maiores detalhes sobre o funcionamento, só o óbvio explicado sempre que o cursor passa sobre algo. Estão aí ótimas oportunidades de melhoria, francamente Veja.
É provável que o conteúdo não possa ser indexado pelos portais de busca (como o Google, Yahoo, MSN) pela interface ter sido implementada usando Flash, além do mais, não é possível ainda enviar um link de uma página da revista para algum amigo. Tudo o que você poderá fazer é dizer o ano da publicação, a edição, e o número da página.
Uma caracterísca apreciável é a página de índice de cada edição servir para pular diretamente para as seções, o que melhora substancialmente a experiência do leitor.
Agora você poderá dizer se, como eu, também tem a impressão de que a qualidade jornalística da revista caiu nos últimos 20 anos (o que não parece ter ocorrido com o Jornal Nacional, por exemplo, mas já parece ter ocorrido com o Globo Repórter, quando comparamos com os canais pagos de documentários).
Isso pode ser reflexo, no caso da revista, da competição com as outras revistas (como a Época) e/ou do fenômeno web 2.0, com seus blogs, sites de opinião e conteúdo instantâneo. Como as próprias revistas passaram a usar a Internet e passaram a colocar conteúdo diariamente no ar, como um jornal, além de buscarem mais ou menos as mesmas fontes (googlando como qualquer criança faria) ou o pior, buscarem a blogosfera para recursivamente disseminarem as tendências e tentarem retomar o abalado posto de formadores de opinião, sempre temos a impressão de Dejavú quando lemos a revista, ou de superficialidade nas matérias.
De qualquer modo a ferramenta está aí para você saber o que estava na imprensa quando você nasceu (exceto os mais experientes nascidos antes de 68). Ou mesmo para ver que na primeira edição de Veja a seca do nordeste já era um tema em busca de solução tecnológica (página 63, "O Nordeste Esconde sua Água") onde se discutia como acessar os rios subterrâneos entre 50m e 350m de profundidade (muito mais fácil que alcançar o pré-sal).
Eu, como leitor crítico da revista, gostaria de parabenizar pela iniciativa (com ressalvas) e desejar que a revista ache o caminho para que seu jornalismo seja mais científico e acadêmico e que o veículo venha a ser um dos agentes de transformação da realidade nacional para o patamar que nossa vocação de gigante pela própria natureza anseia.
Link:Acervo Veja
Mas não vou ficar aqui falando dessas coisas chatas porque quero destacar é o sistema de recuperação de informações do serviço onde um índice contendo as miniaturas das capas das edições da revista desde 1968 até 2008 pode ser manipulado através de setas onde você pode navegar por mês e ano ou pelas edições do ano em uma linha do tempo bastante agradável de se percorrer.
A Interface é relativamente limpa, com um neutro fundo cinza levemente degradê, onde alguns poucos controles permitem realizar buscas no conteúdo da edição escolhida ou em todo acervo, entrar na revista (com um look-and-feel de estivéssemos folheando a revista ao clicar em botões no canto inferior externo de suas páginas), ver as edições e páginas mais acessadas além de uma tal de busca sugerida, onde alguns temas vêm já pré-selecionados.
Folheando as páginas vemos logo na primeira edição uma das marcas da revista Veja. Denúncias? Reportagens bem trabalhadas? Não. Me refiro à quantidade enorme de anúncios publicitários que foram mantidos na íntegra também nessa versão digital (mas pelo menos aqui têm um caráter mais de registro, por exemplo, relembre-se da época em que a propaganda de cigarro era normal).
Ao clicarmos em uma página é dado um zoom in e uma versão em baixa resolução é apresentada enquanto se carrega a imagem definitiva. Achei uma solução interessante pois mantém a navegação fluida sem sobrecarregar o cache do navegador. Além disso, a versão em baixa resolução quase permite a leitura, o pode adiantar o scanning pela matéria selecionada.
Alguns pontos de melhoria técnica: a busca realmente me decepcionou, não consegui fazer uma busca por frases (por exemplo, quando quis saber quando foi a última vez que o termo risco de vida fora utilizado nas reportagens), nem mesmo colocando as aspas (no estilo Google), ou o símbolo de percentual (a la banco de dados Oracle). Além disso, quando tentei me valer da ordem cronológica dos resultados para determinar quando foi a estréia do termo internet nas páginas de Veja, me deparei com milhares de ocorrências (3525 para ser exato) agrupadas de 7 em 7, o que me traria a penosa tarefa de dar 503 cliques para achar a informação requerida (que a julgar pelo tempo entre um clique e outro, mais de um minuto com um irritante Buscando piscando na minha frente, levaria apenas umas 9 horas para concluir a tarefa. :-P).
Nada de um hyperlink para pular direto para a última ocorrência, e nem cogite uma ferramenta de busca avançada. Pior foi a ajuda. Ilustrado por um ponto de interrogação que parecia perguntar "quem é que usaria isto" que acionado joga mais uma tela que informa que você não terá maiores detalhes sobre o funcionamento, só o óbvio explicado sempre que o cursor passa sobre algo. Estão aí ótimas oportunidades de melhoria, francamente Veja.
É provável que o conteúdo não possa ser indexado pelos portais de busca (como o Google, Yahoo, MSN) pela interface ter sido implementada usando Flash, além do mais, não é possível ainda enviar um link de uma página da revista para algum amigo. Tudo o que você poderá fazer é dizer o ano da publicação, a edição, e o número da página.
Uma caracterísca apreciável é a página de índice de cada edição servir para pular diretamente para as seções, o que melhora substancialmente a experiência do leitor.
Agora você poderá dizer se, como eu, também tem a impressão de que a qualidade jornalística da revista caiu nos últimos 20 anos (o que não parece ter ocorrido com o Jornal Nacional, por exemplo, mas já parece ter ocorrido com o Globo Repórter, quando comparamos com os canais pagos de documentários).
Isso pode ser reflexo, no caso da revista, da competição com as outras revistas (como a Época) e/ou do fenômeno web 2.0, com seus blogs, sites de opinião e conteúdo instantâneo. Como as próprias revistas passaram a usar a Internet e passaram a colocar conteúdo diariamente no ar, como um jornal, além de buscarem mais ou menos as mesmas fontes (googlando como qualquer criança faria) ou o pior, buscarem a blogosfera para recursivamente disseminarem as tendências e tentarem retomar o abalado posto de formadores de opinião, sempre temos a impressão de Dejavú quando lemos a revista, ou de superficialidade nas matérias.
De qualquer modo a ferramenta está aí para você saber o que estava na imprensa quando você nasceu (exceto os mais experientes nascidos antes de 68). Ou mesmo para ver que na primeira edição de Veja a seca do nordeste já era um tema em busca de solução tecnológica (página 63, "O Nordeste Esconde sua Água") onde se discutia como acessar os rios subterrâneos entre 50m e 350m de profundidade (muito mais fácil que alcançar o pré-sal).
Eu, como leitor crítico da revista, gostaria de parabenizar pela iniciativa (com ressalvas) e desejar que a revista ache o caminho para que seu jornalismo seja mais científico e acadêmico e que o veículo venha a ser um dos agentes de transformação da realidade nacional para o patamar que nossa vocação de gigante pela própria natureza anseia.
Link:Acervo Veja
brasilacademico
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