Adolescentes
Lívia LakomyVocê sabe o quê sua filha comeu esta semana? Cada vez mais crianças e adolescentes preocupados com seu peso iniciam dietas radicais ou até mesmo param de comer. Cabe aos pais dar o exemplo de uma alimentação saudável
Sinais
Pais devem estar atentos ao comportamento dos filhos, tomando os cuidados necessários para que não sofram com problemas alimentares.
- Adolescentes em fase de crescimento e sem sobrepeso devem evitar dietas e exercícios físicos muito intensos.
- As dietas precisam ser sempre acompanhadas por um nutricionista que oriente e garanta as necessidades nutricionais.
- Pode-se fazer acompanhamento com psicólogos em caso do problema de peso estar associado a problemas de auto-estima.
Sintomas que indicam que a situação está grave:
- Perda excessiva de peso.
- Evitam comer em público e levam a comida ao quarto (costumam esconder no armário, lixo ou jogam no vaso sanitário).
- Perda de cabelo e fraqueza na unhas.
- Pele seca e pálida.
- Tosse seca freqüente, causada por práticas vomitórias constantes.
- Ciclos menstruais irregulares.
- Se falam apenas de dietas e que se sentem fora do peso.
Mariza Pan, pedagoga e diretora de ensino do Colégio Integral, explica que, quando uma menina decide fazer dieta, ela dificilmente está sozinha, sempre existe um grupo participando e uma cobrança coletiva para que todas cumpram o combinado. No caso de Fernanda, a situação chegou a um nível tão preocupante que as próprias amigas chegaram a procurar a mãe da colega. “Acho que se eu tivesse demorado um pouco mais o caso teria se complicado. Tive medo de ela não aguentasse”, lembra a mãe.
Estímulo
Quando resolvem fazer estas dietas, a internet serve como uma ferramenta de “apoio” – um lugar em que as meninas trocam estímulos, conversam sobre meios de enganar os pais e dão dicas sobre perda de peso. São vários os sites em que doenças como anorexia e bulimia se tornam as amigas “Ana” e “Mia” e o culto ao corpo é estimulado e ilustrado com fotos de modelos e atrizes que se encaixam no perfil do corpo desejado.
Em um dos blogs “pró-ana” (pró-anorexia), uma adolescente que coloca 40 quilos como sua meta de peso escreve: “Rezem por mim, torçam por mim e me de (sic) dicas, muitas dicas. Isso nunca tinha acontecido, esse medo de perder a Ana e de engordar está muito forte...”. Em outro blog, o texto se transforma em ataque a quem discorda da posição da autora: “eu sou egoísta e estou moldando um corpo perfeito que eu escolhi para mim (...) Vão cuidar de suas vidas, continuem comendo e mantendo o corpo que vocês querem ter agora, mas no futuro quem vai rir da cara de quem vai ser eu (sic)”.
O mais comum entre as meninas é praticar dietas da moda como a da lua, do abacaxi e da sopa, que são menos perigosas se feitas por um curto período de tempo. Contudo, caso a situação perdure, a falta de nutrientes pode prejudicar o crescimento e trazer consequências futuras. O presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, Aristides Schier da Cruz aponta uma dieta equilibrada, sem cortar refeições, como o modo ideal de cuidar da saúde. “Nessas dietas acabam sendo cometidos erros alimentares básicos, cortam-se grupos inteiros de alimentos, como carboidratos ou gorduras”, explica.
Influências
Os cuidados com o corpo e a valorização da magreza fazem parte dos valores da sociedade contemporânea. “Passamos por um período em que estamos ‘lipofóbicos’ (fobia de gordura), temos horror a gordura em nós e nos outros. Ela ganhou o peso de um valor moral, ter gordura é feio, errado e indesejável”, diz o psiquiatra MárcioVegas.
Nesse contexto, os pais devem educar pelo exemplo, não apenas falando o que deve ser feito. É preciso observar o comportamento dos filhos e ensinar a maneira correta de se alimentar. Já a influência da mídia nesse problema começa a ser discutida, ainda que de maneira indireta, no Congresso Nacional. Um projeto que tramita no Senado discute proibir modelos de trabalharem se seu IMC estiver abaixo de 18. O objetivo é evitar parâmetros de magreza que não são saudáveis, já que a Organização Mundial de Saúde indica que um ICM abaixo de 18,5 representa risco nutricional. Como comparação, em sua pior fase Fernanda chegou a ter um ICM de apenas 15.
* Nome fictício
RPC
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