O Fórum Social Mundial se revitalizou?
Havia a idéia de que o Fórum tinha esgotado seu papel, estava em crise e não tinha mais o que dizer — que o movimento altermundialista (antiglobalização) já tinha acabado e era preciso passar para uma outra. Hoje em dia esse discurso acabou. Está muito clara a vitalidade extraordinária do processo do Fórum, sua capacidade de se reinventar e de avançar em ideias e propostas.
Acho que o impacto do Fórum aumentou. Quem está em crise agora é o outro fórum — o de Davos. Seus dogmas foram por água abaixo. O que o Fórum Social Mundial sempre disse, que se precisa de outro mundo, se revelou verdadeiro.
A crise econômica roubou espaço do temas original desse FSM, a Amazônia?
Pelo contrário. Há uma relação entre a crise econômica, a alimentar, a ecológica. Há uma convergência das crises, uma mesma raiz que é um modelo de civilização industrial, capitalista e ocidental em que vivemos.
O FSM não devia propor uma saída?
O Fórum é um movimento de protesto. Gente que se reúne para dizer "não", "não queremos o mundo em que tudo virou mercadoria", "não queremos um mundo dominado pelo capital". Há um "não!" — e isso é muito importante, algo precioso, e não deve ser minimizado. Mas insatisfação apenas não é suficiente. Há quem diga que o fórum só critica e não propõe nada. Não é verdade.
Um Fórum que foge da interferência de governos traz cinco presidentes...
O Fórum nunca negou a política — ela está presente. Não queremos é que o fórum seja aparelhado ou instrumentalizado por partidos políticos ou governos. Se a participação de presidentes e políticos acaba sendo o ponto alto, é a ponta visível do iceberg. Lá embaixo é muito maior.
A volta para a América Latina e o contato com suas esquerdas renova o Fórum?
A América Latina é onde a tentativa de romper as amarras do neoliberalismo está indo mais longe. Nós temos não só movimentos sociais e forças políticas que colocam essa exigência, mas ao menos três experiências novas — Venezuela, Bolívia e Equador — de governos com grande apoio popular tentando buscar uma alternativa ao Liberalismo e colocando a necessidade de superar o sistema capitalista. Infelizmente não é o caso do Brasil.
O que faltou aqui?
O Brasil deveria ter estado na vanguarda desse processo, porque é o único que tem um grande partido dos trabalhadores e com um dirigente que foi um grande operário e dirigente sindical. É um governo melhor do que os anteriores. Mas, comparado ao que havia sido a trajetória e histórico do PT, é decepcionante.
Vermelho, com informações da Folha de S.Paulo
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