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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Chanceler italiano acusa Tarso Genro de "apoiar ideias de guerrilha" e de ter confundido década de 70 no Brasil e Itália

ROMA, 3 FEV (ANSA) - O chanceler italiano, Franco Frattini, acusou nesta terça-feira o ministro brasileiro de Justiça, Tarso Genro, de "apoiar ideias de guerrilha" e de ter "confundido os anos 70 do Brasil" com a situação da Itália na mesma época.

"O caso de Cesare Battisti, no Brasil, foi analisado por um ministro de Justiça que tem uma visão ideológica e política muito evidente, de aberto apoio às ideias de guerrilha", disse Frattini em declarações a uma rádio local.

"Genro fez uma enorme confusão entre a situação ditatorial que, infelizmente, seu país enfrentou nos anos 70 com o que aconteceu na Itália na mesma época, que vivia uma democracia", afirmou o ministro.

Frattini comentou que a decisão do ministro brasileiro de conceder status de refugiado político a Battisti, condenado na Itália à prisão perpétua, é inconsistente.

Para o ministro italiano, a posição do Brasil é errada juridicamente e inaceitável politicamente.

"Preocupa muito o preceito de que se possa colocar em discussão a democracia de um país-membro da União Europeia", declarou Frattini, voltando a afirmar que seu país "fará tudo o que for possível para que ele [Battisti] seja extraditado e cumpra sua pena.

Frattini condenou também as declarações feitas por Genro, que, na última semana, havia afirmado que Itália ainda vive sobre os "anos de chumbo", enquanto o Brasil passa por um processo de "pacificação política".

"A Itália soube fazer justiça dentro da legalidade, sem violar os direitos humanos, em um sistema judiciário absolutamente democrático e fez jus a muitos crimes, mas, ainda hoje, há quem não pense nas razões das vítimas. Ao contrário, pensa nas dos assassinos", atacou Frattini.

Para ele, os "anos de chumbo" não podem acabar em uma anistia generalizada... uma anistia deveria ser, de fato, a conclusão de um percurso com uma forte autocrítica e um arrependimento sincero e não um arrependimento para reduzir as penas.

Sobre as recentes declarações de Battisti, em entrevista à imprensa brasileira, Frattini afirmou apenas que são palavras de menosprezo à dor das vítimas.

Condenado na Itália por quatro homicídios cometidos na década de 1970, Battisti obteve do Brasil o status de refugiado político, o que desatou um conflito diplomático com a Itália. Na ocasião, Genro argumentou que sua decisão se baseou no "fundado temor de perseguição" existente contra o ex-ativista do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) em sua terra natal.

O ex-militante, de 54 anos, aguarda agora a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que poderá ratificar o status de refugiado político ou ordenar sua extradição, como exige a Itália.

Ansa

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