Voluntários do projeto ‘Amanhecer’ acordam antes do sol para realizar cultos dentro de ônibus de trabalhadores rurais.
Santo Antônio da Platina - Eles acordam às 4 da manhã, preparam a marmita, saem de suas casas quando ainda é noite, deixam os filhos dormindo e quando retornam, muitas vezes também os encontram dormindo. A primeira, de três refeições diárias, é feita às 10 horas. Mesmo com tantas dificuldades, são eles, os bóias-frias, que colhem os alimentos produzidos nas lavouras do País, garantindo a alimentação de milhões de pessoas.
Em meio à rotina de trabalho árduo, porém, sobra espaço para o fortalecimento da fé. Desde o final do mês de agosto um grupo de 30 voluntários da Igreja Metodista Central reúne-se toda sexta-feira com estes trabalhadores rurais para colocar em prática o projeto ‘Amanhecer’, que consiste na realização de cultos dentro dos ônibus. Às 5h30 eles chegam, minutos antes dos bóias-frias tomarem a condução que os transporta para as lavouras da região. O grupo se subdivide e entra nos ônibus cantando músicas religiosas, fazem a leitura de um texto bíblico e realizam uma oração, abençoando o dia de trabalho, a família e a saúde de cada um.
A iniciativa tem feito a diferença na vida dos trabalhadores, como relata Edson da Silva Mello, motorista do primeiro ônibus a ter o culto. ‘‘O clima do ônibus mudou. Pararam os xingamentos, as discussões e o respeito entre eles aumentou.’’ Mello atendeu ao pedido dos trabalhadores rurais por se colocar na situação deles e relembrar o tempo em que era cortador de cana. E por ver como sua vida também mudou.
A funcionária pública Silvana Domingues de Almeida Chagas, que coordena o trabalho, é uma das pessoas que deixam sua rotina diária para levantar de madrugada e ajudar o próximo. Ela acredita que o trabalho seja capaz de resgatar a dignidade de cada um. Como conseqüência, os participantes descobrem o potencial que têm e criam condições e alternativas para transformar sua realidade, principalmente incentivando a educação dos filhos. ‘‘Me identifico com estas pessoas, porque eu também cresci na área rural’’, observa Silvana.
A Igreja Metodista ainda coordena um trabalho de contraturno escolar junto aos filhos dos trabalhadores rurais, chamado projeto ‘Bóia-fria’. Conta com programa de apoio e reforço escolar para crianças de 1ª. à 8ªsérie, na faixa etária entre 7 e 14 anos de idade. As despesas com pessoal e alimentação das crianças são cobertas com recursos da Sexta Região Eclesiática, que engloba as igrejas dos estados do Paraná e Santa Catarina. As despesas também são cobertas por ofertas de Igrejas Metodistas da Alemanha, Áustria e Estados Unidos, de amigos e voluntários.
Todos os trabalhos da Igreja Metodista Central de Santo Antônio da Platina estão sob a liderança do pastor Fernando César Monteiro, que há 11 anos coordena a Igreja.
http://www.bonde.com.br/folha/folhad.php?id=6608LINKCHMdt=20081111
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