Por muito tempo, a escola dominical era a única forma pela qual as famílias da classe trabalhadora podiam receber alguma instrução.
É importante compreender que a escola dominical era original e literalmente uma escola: eram locais onde as crianças pobres podiam aprender a ler. O movimento da escola dominical começou na Inglaterra por volta de 1780. Um dos resultados da Revolução Industrial é que muitas crianças passavam toda a semana trabalhando nas fábricas. Os filantropos cristãos desejavam libertar essas crianças de uma vida de ignorância, mas no século 19 as horas trabalhadas eram muito extensas.
As primeiras e modestas leis de limitação de horário vieram apenas em 1802, cujo impressionante resultado foi uma carga horária de 12 horas diárias para o trabalho infantil! E este limite não diminuiu até 1844. Além disso, o sábado era considerado dia regular da semana de trabalho. Portanto, o domingo era o único dia disponível para que essas crianças recebessem algum tipo de educação.
O inglês Robert Raikes (1725-1811), evangélico anglicano, era o homem-chave do movimento de alfabetização. A idéia também se espalhou rapidamente pela América do Norte. Igrejas e organizações não-religiosas aderiram ao movimento e energicamente começaram a criar escolas dominicais. Depois de algumas décadas, o movimento tornou-se extremamente popular. Até mesmo os pais que não freqüentavam a igreja regularmente insistiam para que seus filhos fossem à escola dominical.
As famílias dos trabalhadores eram muito gratas pela oportunidade de receber um pouco de instrução. Elas também esperavam ansiosamente pelos eventos anuais como dias de premiação, paradas e piqueniques promovidos pela escola dominical que marcavam suas vidas, tanto ou mais do que os feriados tradicionais.
A educação religiosa era, naturalmente, um dos componentes principais da educação. A Bíblia era o livro usado para se ensinar e aprender a ler. E foi copiando passagens das Escrituras que muitas crianças aprenderam a escrever.
Também era ensinada a catequese básica, assim como práticas espirituais tais como fazer orações e cantar hinos. Incutir as virtudes e a moral cristã também eram objetivos do movimento. Os então pupilos da escola dominical geralmente se graduavam a fim de tornarem-se professores da mesma escola, o que também significava uma experiência de liderança que jamais teriam oportunidade de desfrutar de outra maneira em suas vidas. Até mesmo alguns historiadores marxistas dão crédito à escola dominical do século 19 pela melhora de condições da classe trabalhadora.
Tanto na Inglaterra quanto na América do Norte, a educação pública foi estabelecida na década de 1870. Depois disso, ensinar a ler e escrever passou a ser tarefa das escolas oficiais durante a semana, e o currículo das escolas dominicais se limitou à educação religiosa. Apesar disso, muitos pais continuaram acreditando que freqüentar regularmente a escola dominical era um componente essencial à infância.
Entretanto, na década de 1960, a tendência de uma criação liberal dos filhos significou o enfraquecimento cultural da importância da escola dominical; e a insistência para que as crianças a freqüentassem independentemente de seus desejos e vontades (em especial para aquelas cujos pais não freqüentavam a igreja) foi abandonada.
Timothy Larsen é presidente do Carolyn and Fred McManis – divisão de Pensamento Cristão; e também é membro do Conselho de História Cristã, ambos do Wheaton College.
http://www.cristianismohoje.com.br/artigo.php?artigoid=35835
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