Quem vê o sorriso espontâneo do presidente eleito dos EUA, Barack Obama, talvez não imagine que o democrata foi beneficiário da mais completa máquina montada na história para analisar as preferências do eleitor.
O comentário é de Plínio Fraga e publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, 12-11-2008.
"Microtargeting" é a palavra-chave pare entender a estratégia eleitoral de Obama. Consiste em atuar, como permite deduzir a palavra em inglês, em microalvos, utilizando-se de modelos matemáticos e computadores. Reportagem do "New York Times" explicou como.
Os computadores eram alimentados com dados diversos de uma determinada região: quais os carros mais vendidos, quais as revistas e os jornais mais lidos, quais os produtos mais consumidos, qual a quantidade e linha de grupos culturais, sociais e econômicos preponderantes, além das óbvias informações de renda e escolaridade. A partir daí, era possível construir um arcabouço sobre quais valores e conceitos eram mais importantes para aquela comunidade e adequar o discurso do candidato e as inserções publicitárias a esses anseios.
Por exemplo, uma região de forte atuação de grupos cristãos conservadores, tradicionalmente republicana, mostrou-se bastante sensível a discursos em defesa do ambiente. Tinha uma das maiores taxas de reciclagem de lixo do país. Para conquistar esses eleitores, a campanha de Obama tentava demonstrar quanto o democrata era mais receptível ao tema do que McCain.
O "microtargeting" começou a ser usado pelos republicanos em 2000, mas foi potencializado pelos milhões de dólares arrecadados pelos democratas, que permitiram a extensão das suas bases de dados.
Há muito as campanhas deixaram de ser conduzidas por uma mal definida sapiência política e estão cada vez mais submetidas às regras mercadológicas. Pouca coisa era espontânea na campanha de Obama, talvez nem mesmo o seu sorriso.
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