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sábado, 1 de novembro de 2008

Leonardo Boff - Um fraco mais um fraco não são dois fracos, é um forte


Sentado à frente de centenas de agentes políticos um senhor com barba e cabelos brancos acompanhou todas as orientações que foram repassadas aos representantes do Alto Vale. O doutor em Filosofia e Teologia, Professor Leonardo Boff, esteve em Rio do Sul, na quinta-feira, 30, para participar do Seminário de Agentes Políticos Municipais do Alto Vale do Itajaí.

Leonardo Boff nasceu em Concórdia, Santa Catarina, aos 14 de dezembro de 1938. É neto de imigrantes italianos da região do Veneto, vindos para o Rio Grande do Sul no final do século XIX. Cursou Filosofia em Curitiba-PR e Teologia em Petrópolis-RJ. Doutorou-se em Teologia e Filosofia na Universidade de Munique-Alemanha, em 1970.

Esteve presente nos inícios da reflexão que procura articular o discurso indignado frente à miséria e à marginalização com o discurso promissor da fé cristã, gênese da conhecida Teologia da Libertação.

Em 2001 foi agraciado com o premio nobel alternativo em Estocolmo (Right Livelihood Award). Atualmente, vive no Jardim Araras, região campestre ecológica do município de Petrópolis-RJ e compartilha vida e sonhos com a educadora/lutadora pelos Direitos a partir de um novo paradigma ecológico, Márcia Maria Monteiro de Miranda. Tornou-se assim ‘pai por afinidade’ de uma filha e cinco filhos compartilhando as alegrias e dores da maternidade/paternidade responsável. Vive, acompanha e re-cria o desabrochar da vida nos "netos" Marina , Eduardo, Maira, Luca e Yuri.

É autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos.

Leonardo conversou com o Jornal O Rio-Sulense e falou um pouco mais sobre o evento que o trouxe a Rio do Sul. Na sexta-feira, 31, ele continua na cidade, onde visita o sítio de amigos e conhece o Parque Mata Atlântica, em Atalanta, mantido pela Apremavi.

Em um país onde a classe política está em descrédito, como o senhor se sente falando sobre ética para agentes políticos tão próximos do cidadão?

Toda ética trabalha com os valores. Os valores têm sido uma dimensão utópica, de ideal, uma coisa que deve ser alcançada, deve ser feita. Então, sempre faz sentido falar de ética e de valores, por que é um apelo às pessoas se orientarem pelos caminhos que são os caminhos virtuosos.

Especialmente, a nossa política ela não tem ética, se rege pela lógica do interesse privado ou de grupos e não pelo bem público, do povo. Por isso, a nossa democracia que tolera tantas injustiças, que significa tanta falta de ética é em grande parte uma farsa. Ela não é uma democracia legítima. Devemos começar de baixo, como se faz aqui, articulando, vereadores, prefeitos. Para que dessa forma um ajude o outro a se sentir servidor do povo e organizar políticas mais ou menos coletivas que impeçam a corrupção. Isso aumenta o nível de responsabilidade e seriedade de toda a região.

Como o senhor vê iniciativas como a da Amavi e da Ucavi, de trazer os agentes públicos recém eleitos?

Eu considero essa iniciativa extremamente importante, contemporânea. Pois, hoje a tendência geral das políticas é organizar as regiões pelos ecossistemas, pelas bacias hidrológicas e pela afinidade cultural que existe nas regiões. Aqui há 40 anos já está se fazendo um trabalho assim. Nesse sentido é exemplar e tem garantido um desenvolvimento sustentável para a região. Um fraco mais um fraco não são dois fracos, é um forte. Porque o apoio de um ao outro cria a união e cria políticas coletivas que vai além dos partidos, dos limites geográficos e tenta aproveitar o melhor dos serviços e das oportunidades que o ecossistema da região dá. Não são em termos de natureza, mas também em termos de cultura, população alemã, italiana, as varias tradições culturais, como na culinária, os folclores. Tudo isso pertence ao desenvolvimento sustentável. Aqui é feito isso de uma maneira exemplar.

Para os prefeitos eleitos agora, o senhor considera que a educação deve ser a principal prioridade?

Antes da educação é a saúde. Porque uma criança faminta ou doente, ela não aprende. Acredito que primeiro a saúde. Aqui há um sistema de mútua ajuda, de todos os municípios, para complementar o SUS, o que garante um nível, relativamente bom de saúde.

A segunda prioridade é a educação. Estamos dentro de uma sociedade diferente, do conhecimento. Temos que aplicar conhecimento na agricultura familiar, em reciclarmos as pessoas. A educação precisa se pegar desde o jardim de infância e acompanhar as pessoas, para que elas tenham hábitos de aprendizado. Mas também em todos os processos da vida.


O riosulense

http://www.adjorisc.com.br/

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