Na semana passada, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) iniciou com eles os seus testes de desempenho da tecnologia Power Line Communications (PLC), que converte a fiação de energia elétrica em meio físico para conexão com sistemas de comunicações e telecomunicações em banda larga.
Os 10 primeiros
Na primeira semana deste mês a Copel conectou dez dos 300 usuários que integram o grupo de amostragem da experiência. Nela, a companhia investiu R$ 1 milhão para a aquisição dos equipamentos, modems e amplificadores de origem sueca, que estão em fase final de instalação, de olho no mercado potencial dos seus 3,5 milhões de consumidores em todo o Estado.
"O usuário atualmente paga um preço determinado pela capacidade e velocidade da sua conexão, não importando se ele a utiliza bastante, pouco ou quase nada", informa Orlando César de Oliveira, coordenador do projeto de PLC da Copel.
"Imaginamos ser possível implantar um sistema de cobrança mais justo, que leve em conta a utilização real e efetiva do internauta", acrescenta. Nas simulações feitas pela empresa, a modificação na forma de cobrança pode resultar numa redução pela metade dos preços cobrados hoje pelos sistemas convencionais de conexão.
Em 2001 a Copel realizou a primeira experiência com a tecnologia PLC no Brasil, testando-a em 50 domicílios de Curitiba, mas o plano foi abandonado devido ao pouco desenvolvimento do que existia à época, onde as conexões não ultrapassavam os 2 Mbps de velocidade. A atual tecnologia possibilita velocidades de transmissão de até 200 Mbps, segundo os fabricantes.
" A inovação deve democratizar o acesso da população a esses serviços, aumentando a concorrência e servindo de alternativa às companhias que monopolizam as telecomunicações no Brasil, contribuindo para baratear os preços cobrados", disse o presidente da estatal paranaense, Rubens Ghilardi. A exploração comercial da internet pela rede elétrica foi autorizada pela Anatel, mas a de telefonia fixa ainda terá de esperar. Sua liberação é vista, porém, como questão de tempo.
Triple play é a oferta
Segundo ele, o interesse das empresas de eletricidade na PLC é o de concorrer com as operadoras de telefonia fixa oferecendo no futuro um pacote com transmissão de imagem, dados e voz. A Copel ainda não definiu um preço para o serviço, mas simulações apontaram para a possibilidade de rentabilidade de até 700%.
A maior parte da transmissão será feita pela rede de fibra óptica da companhia com 11 mil quilômetros e que já atende a 185 dos 399 municípios do estado. Com mais alguns investimentos, serão atendidos todos os seus 3,5 milhões de clientes no mais de 300 municípios do estado, onde detém 98% do mercado, com um tipo de capilaridade que somente a mineira Cemig também possui no País. "Entrar no mercado de telefonia fixa vai permitir à Copel uma alavancagem brutal em seus rendimentos futuros", imagina Rubens Ghilardi. Em 2008, a estatal paranaense faturou R$ 5,459 bilhões, lucrando R$ 1,55 bilhão.
Piloto aberto a todos
Até o final de abril, todos os demais usuários que se cadastraram voluntariamente para participar do projeto piloto estarão conectados pelas redes elétricas equipadas para, além de eletricidade, transportar sinais digitais de imagem, som e dados. Eles terão a incumbência de, durante um ano, monitorar e avaliar criticamente o desempenho da tecnologia, produzindo relatórios periódicos para a Copel.
O PLC é uma tecnologia através da qual os sinais de telecomunicação utilizam o mesmo meio físico que a energia elétrica. Como os sinais de comunicação e de energia têm frequências diferentes (alta para os de comunicação e baixa para os de energia), eles podem compartilhar o mesmo meio físico sem interferências entre si. Ou seja, além de eletricidade, uma tomada pode fornecer acesso a diversos outros serviços, como internet em banda larga.
Sistema matricial
A tecnologia consiste em instalar um modem conhecido como "master" na rede elétrica secundária da baixa tensão que, por sua vez, se comunica com outros modems instalados em qualquer tomada daquele mesmo circuito, possibilitando velocidades de transmissão de até 200 Mbps. Aos seus modems, os usuários conectam computadores ou telefones IP (internet protocol) via cabo ou wi-fi (rede sem fio). As redes elétricas secundárias se interligam a redes primárias de fibras ópticas da mesma forma que nas tecnologias ADSL das operadoras de telefone ou TV por assinatura.
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